Em 1993, Maria Clara Gueiros, então psicóloga, se formava no mestrado com a tese "Consumo, logo existo", que falava da vitrine que é uma novela das oito, e tinha como base as meias coloridas de lurex de "Dancin’ days", trama de Gilberto Braga. Na época, a atriz nem sonhava atuar em um folhetim da televisão.

— Não achava que eu tivesse a cara da TV. Tenho 23 anos de carreira, sou muito galho dentro, não era conhecida e sabia que não tinha cancha para um novelão desses — admite ela.

Dezoito anos depois, Maria Clara ganhou o seu primeiro papel "das oito" em "Insensato coração", uma obra do mesmo autor. Na verdade, essa história começou em 2009.

— Estava na sala de espera do dermatologista, em janeiro, quando o meu celular tocou. O bina mostrava um número que não estava nos meus contatos. Atendi. "Maria Clara, é o Gilberto Braga". Primeiro, pensei que fosse trote! Depois que reconheci a voz, ele me convidou para a novela. Lembro que o consultório estava lotado. Fui até o corredor e disse: "Caramba! Vim para cá comemorar!" — conta, entusiasmada: — Cresci vendo as novelas dele, estou vivendo um sonho. Faço parte do carro-chefe de uma das melhores televisões do mundo.

O autor, que afirma escrever em função dos atores, está bastante satisfeito com a escalação.

— Quando bati o olho na Maria Clara, pensei imediatamente: quero pra mim! Ela é inteligente, bem-humorada e talentosíssima — declara Gilberto.

Já tem tempo que a atriz deixou o papel de observadora, como na época do mestrado. Ela brilhou em programas como "Zorra total" e na novela "Beleza pura". Mas, hoje, está no alvo. E é através de Bibi, uma mulher que não tem um pingo de vergonha em usar o seu dinheiro para conquistar garotões, que está na mira do público.

— Ela é uma dondoca, que não trabalha e que adora levar a vida no prazer. É fogosa, louca por homens mais novos e não mede esforços para conseguir os caras que quer. Ela chega junto meeeesmo! Mas não é boba, dá volta neles, sabe que estão interessados no seu dinheiro — descreve Maria Clara, que prefere homens mais maduros: — Não julgo a vida sexual de ninguém. Não levo a vida como a Bibi por questões minhas, sou tímida. E gosto dos mais experientes. O homem tem que saber mais do que eu e me ensinar coisas.

Esta é a terceira mulher, digamos, mais saidinha que a atriz interpreta. Primeiro foi Márcia, a adúltera louca por gatos musculosos em "Zorra total". Depois, ela ainda divertiu o público com as peripécias sexuais de Veruska, uma médica pra lá de tarada. A atriz, porém, não faz a linha atirada. Mas também não é uma santa:

— Sempre fui atrás das pessoas que eu queria. Mostro o interesse do meu jeito, com um email, um telefonema... Levanto a bola, não fico esperando me tirarem para dançar, não. Email é o melhor meio para avançar as coisas...