Milícia ou tráfico de drogas. Estas são as duas versões para o assassinato do coordenador regional da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), Elias Francisco Santos da Silva, 31. O crime ocorreu na tarde da última quarta-feira (08), no acampamento Lajeiro, na Fazenda Riachão, município de Messias.

As investigações estão sob o comando do delegado da cidade, Ivanildo de Brito, que, em contato com o CadaMinuto, explicou que o homicídio pode ter ligação com o tráfico de drogas. Isto porque, em depoimento, familiares da vítima confirmaram à polícia que Elias Francisco era usuário.

Mas, integrantes da LCP apontam outro motivo para o assassinato. Segundo uma das coordenadoras da liga, Ana Maria Santos, a morte do agricultor pode ter ligação com uma milícia, que estaria agindo com o objetivo de amedrontar as lideranças dos movimentos.

A coordenadora disse que o movimento aguarda a apuração e conclusão do caso pela Polícia Civil de Alagoas. Eles levantam a hipótese de que o crime possa ter envolvimento de funcionários da Usina Utinga Leão. “A gente não descarta nada, mas achamos muito estranho ser um crime de acerto de contas”.

Ana Maria disse que os assassinos do agricultor ainda não foram identificados. “No momento do crime, estava escuro. Elias foi morto no local onde realizamos nossas reuniões, que chamamos de ‘sede’. Eles efetuaram os disparos e em seguida correram para o matagal”, relatou.

Com a chegada da polícia, ainda segundo a coordenadora, os assassinos não se intimidaram e efetuaram disparos contra os militares. “Eles ficaram aguardando também outras lideranças que foram ao local. Por isso achamos estranho atribuir o crime a tráfico, até porque se fosse acerto de contas, os bandidos teriam fugido e não ficariam no local”.

A desconfiança dos trabalhadores rurais em relação à usina é fundamentada numa decisão de reintegração de posse que não foi cumprida. “O acampamento está situado nas terras da usina. A polícia esteve no local para cumprir um mandado de reintegração emitido pela Vara Agrária. Por isso acreditamos nesta possibilidade”.

Cerca de 80 famílias viviam no acampamento, mas após o crime, deixaram o local, com medo de outros assassinatos. “Agora é um acampamento fantasma. Todos ficaram com medo de que outras lideranças também sejam mortas”, finalizou.

O delegado de Messias disse que já soube dessa suspeita dos agricultores. “Essa é uma nova linha de investigação que a polícia está apurando. Pelos depoimentos dos familiares, há uma grande possibilidade do crime ser relacionado ao tráfico. Mas vamos apurar tudo”, declarou o delegado.