O Papa Romano Gregório Magno, que antes de ingressar na vida religiosa foi prefeito da sua cidade, enumerou os sete pecados capitais no século VI: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, orgulho, e preguiça.

Todos os conhecem, são “seduzidos” por eles, e alguns falam que “representam os pontos fracos do homem”. Será?

A inveja – no latim é “invidere” que significa “não ver” – é o pecado que contém em si fragmentos dos demais, segundo o Aurélio, é “desejo violento de possuir o bem alheio”, “desgosto ou pesar pelo bem ou a felicidade de outrem”.

O bem aqui é entendido não só pelo material, inclui sentimentos, relações humanas, posição social, ou puramente a aparência física do objeto de inveja. É um sentimento corrosivo, alimentado por pessoas cuja auto-estima é precária e que padecem da inexistência de projetos individuais próprios e da busca de dispositivos para alcançá-los. Há também os invejosos de elite, os que têm função social importante, mas que se julgam os únicos a merecê-las.

Os invejosos estão preocupados em “boicotar” a ascensão do outro, de “criar armadilhas” e servir de muralha para impedir que o outro continue a seguir.

O gasto de energia negativa e destrutiva para com o próximo é tão grande, que ao final do dia o invejoso só tem uma única conquista: conseguir impedir que “o outro” (objeto de inveja) obtivesse êxito nisto ou naquilo, sentindo-se melhor que este ou aquele por tal feito.

A inveja é tema de estudo científico, é inerente ao mundo do trabalho, e a pedra no caminho das relações interpessoais, além de ser um vício, porque excede, e como tal deve ser tratado.
A ambição maltrata seus sentidos, e quando alguém tenta aproximar-se, contribuir, logo trata de afastá-lo, seja do jeito que for. Então exercer função de confiança e cargos importantes é um privilégio de poucos, e instiga a inveja.

Muitas vezes, o político, imerso em um turbilhão de compromissos, delega muitas funções aos seus “ministros”, estes também desejam possuir os seus, e o acesso ao poder vai se configurando numa redoma de vidro.

Quem detém o poder é tomado de solidão e onipotência. É difícil decidir o destino de outros, distribuir competências, ponderar o bem e o mal, e agradar a todos, por isso, todo político é considerado um deus e também demônio. A inveja contribui nesta representação social do governante.

Escolha o seu com sabedoria!

(*) É psicóloga (suzymauricio@hotmail.com).