A formatura é um sonho de muitos graduandos, que investem pesado para ter uma festa inesquecível, com performances e bandas, ás vezes trazidas de outros Estados. As comissões, responsáveis pela organização junto ás empresas de eventos, costumam convidar políticos para serem os patronos, que recebem homenagens e ganham a simpatia dos formandos.
No entanto, o convite feito a deputados, prefeitos e vereadores pode ter um alto custo, pois na maioria dos casos o orçamento das festas é feito visando a ajuda financeira. Já professores e pais costumam ser os paraninfos dos formandos, por terem uma participação na formação dos futuros profissionais durante os anos de curso.
As empresas de eventos deixam as comissões de formatura livres para buscarem os patrocínios, assim como os políticos que poderão financiar parte dos gastos. Além disso, toda publicidade dada aos patronos também fica a critério da organização e eles podem ter o nome citado em convites, na placa que fica exposta na faculdade e ainda, a imagem associada ao baile.
De acordo com Marcelle Barbosa, que integra uma comissão de formatura do curso de Letras da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) é comum pedir dinheiro a políticos para a festa. Ela contou que alguns formandos cogitaram a possibilidade de solicitar uma ajuda financeira a um vereador por Maceió, que chegou a ser preso por homicídio, o que não foi aceito pela organização.
“Fazemos um orçamento e através de ofício, pedimos o valor para pagar algumas despesas, como a banda. Quando o formando tem alguém da família que trabalha ou conhece o político fica mais fácil. A gente pede, mas ninguém é obrigado a dar dinheiro e não é todo o valor da festa, só uma ajuda, mas não quero que um bandido seja patrono da minha turma”, afirmou.
Marcelle contou que a publicidade dada ao político pode variar, de acordo com o que a organização estabelecer. “Quando a comissão não consegue um patrono do meio político a turma escolhe outra pessoa, não necessariamente alguém que deu dinheiro. A foto do político pode aparecer no telão do baile de formatura, como homenagem dos formandos”, destacou.
O vereador Ricardo Barbosa informou que foi procurado por uma pessoa, que supostamente fazia parte de uma comissão de formatura, para contribuir com o pagamento do livro ouro. Ele acabou descobrindo que se tratava de um golpe, ao constatar que não haveria nenhum baile na data e no local informados.
“Um jovem disse que me queria como paraninfo da turma em troca de dinheiro, mas descobri que ele estava mentindo. Acho errado os políticos contribuírem com as formaturas em troca de promoção pessoal. Se eu receber um convite desses posso até contribuir, de acordo com as minhas possibilidades, mas sem pedir nada em troca”, ressaltou.
Recentemente, um suposto assessor do deputado federal Carlos Albeto Canuto que desistiu da reeleição foi preso pela Policia Federal acusado de intermediar um “patrocínio” para a formatura de uma faculdade privada.
O Cadaminuto conversou com outros dois candidatos nesta eleição e eles confirmaram que todos os dias chegam “convites” de comissões de formaturas para a contribuição com patrocínios. “É meio absurdo este hábito, eles pedem e quando a gente diz não e eles ficam com raiva. Os estudantes já contam com esse dinheiro” explicou um candidato.
"O pior disto tudo é que eles pedem na cara dura e já têm um valor definido", lamentou outro candidato










