Perua que é perua a gente enxerga de longe. E grandes talentos também. Em ‘Escrito nas Estrelas’, Zezé Polessa e Débora Falabella encarnam, respectivamente, as espalhafatosas Sofia e Beatriz. A desenvoltura da dupla é tanta que o resultado não poderia ser outro: o público adora as duas, mesmo com suas vilanias.

“As pessoas já nos olham rindo. É uma repercussão de novela das oito nas ruas”, confirma Zezé sobre a novela que já marca 27 pontos de audiência.

Muita gente pode achar graça da maneira exagerada com que as personagens se comportam e se vestem. Parte do sucesso que elas conquistaram, no entanto, está ligada ao fato de que várias moçoilas se identificam com o que veem: “As pessoas querem usar o que a Beatriz usa. Perguntam das roupas dela. Às vezes, acho uma ou outra como ela por aí. É uma garota muito paulistana”, conta Débora. O perfil fútil, ambicioso e deslumbrado de Sofia também é um tanto quanto popular.

Geralmente, nos salões de beleza tem muita Sofia. Querem o mesmo corte de cabelo, a mesma cor de esmalte. E desejam uma vida igual à dela também. Minha mãe nunca trabalhou fora, mas ajudava a administrar o dinheiro que meu pai ganhava, além de cuidar da casa e dos filhos. Mas tem um outro tipo de mulher, aquela que solapa o dinheiro do marido sem dó. Confesso que não entendo muito essa postura”, opina Zezé.

O que as intérpretes sentem nas ruas é comprovado pela CAT, Central de Atendimento ao Telespectador da Globo. Entre os produtos mais procurados por quem ligou no mês de julho estão os óculos de sol de Beatriz, o batom rosa que ela usa e o esmalte cinza de Sofia. “Até o aplique chama atenção. Eu não usaria. Pelo menos não daquele jeito. Acho cafona”, entrega Débora.

A novela das seis, de fato, tem mostrado a versatilidade dessa jovem atriz, que sempre foi mais vista como a mocinha da história. “É bacana ser testada. Na TV eu fazia muito a sofredora, nunca uma vilã cômica. E aí a gente vê que é preciso apostar. Está sendo maravilhoso para mim”, resume Débora, com personalidade e estilo inversamente proporcionais aos de sua personagem: “Não tenho nada a ver com a Beatriz. Eu até usaria algumas peças que ela usa, de maneira separada. O problema é que ela usa tudo junto! Às vezes gosto de colocar uma roupa diferente, mas não tenho nada de perua”, avisa ela, ao apontar rapidamente o que não pode faltar no guarda-roupa de uma mulher que adora aparecer: “Brilho, muito brilho”.

A responsável pelo visual de mãe e filha no folhetim é a figurinista Natalia Duran. Ela conta que, por mais que vejam exagero nas composições de Beatriz, ninguém pode dizer que é irreal: “Existem várias garotas como ela. No Rio, as mulheres são mais simples e naturalistas no modo de se vestir. Mas, em outros lugares, elas se enfeitam mais”, diferencia.

Já Zezé assume ter um lado mais extravagante. “Adoro estampas de bichinhos. Sempre gostei de oncinha, zebrinha. Eu tive até um sofá com estampa de dálmata, sabia? Mas aí foi sujando e forrei de couro em uma época que estava mais prática. Às vezes me dá uma saudade quando o revejo em fotos...”, confessa ela, que faz questão de defender o visual de Sofia. “Ela pode até ser perua, mas com bom gosto. Não cai na breguice e só de vez em quando é capaz de dar uma escorregadinha, porque sabe copiar direitinho o modelo que vê na revista”, justifica. A figurinista confirma: “Para que não ficasse tão pesado, idealizamos uma Sofia mais clássica. Ela acha lindo ser chique. É superinfluenciável. Copia a Carla Bruni, primeira-dama da França. O bom é que, como Zezé é pequenininha, tudo cai bem nela”, elogia Nathalia.

A atriz veterana assume suas fraquezas quando o assunto é moda. “Não dou importância para grife, mas gosto de coisa boa. Adoro os jeans Armani, porque caem muito bem em mim. Também gosto das bolsas da Calvin Klein. E gosto de coisas mais modernas, despojadas, com um visual um pouco mais jovem que o da Sofia. Para ela, na composição de uma autêntica perua não pode faltar uma boa grife. “Tanto que elas nem falam ‘olha esse sapato’. Já dizem direto: ‘olha esse Chanel’. Quando não têm a marca, usam a cópia idêntica”, ensina.

Aos 56 anos, Zezé conta que os papéis que interpreta influenciam muito sua vaidade. “Fico mais vaidosa quando a personagem exige isso. Na minha vida, sou mais calma. Gosto de ioga, corrida e faço muito alongamento. Tenho o mesmo personal há anos. Não é só beleza. Trabalho meu corpo para não ter problemas. Não tenho medo de cirurgias, mas tenho restrições. Até Holywood já reclama do exagero com as plásticas. Não dá para fazer uma personagem de época ou uma nordestina sofrida com a cara toda puxada. Operações são invasivas, agridem, tem a anestesia. Sei como são esses procedimentos e, por enquanto, estou satisfeita com meus creminhos”, garante ela, que é formada em medicina.

A atriz, que já tinha feito todo mundo rir como a espevitada Ivete, de ‘Beleza Pura’, e agora emenda outra personagem cômica na TV, é uma das concorrentes na categoria Atriz na 4ª edição do Prêmio TDB! deste ano, que acontece na próxima quarta-feira. “Fiquei muito surpresa com essa indicação. O tema da novela agradou e Sofia é o oposto de tudo o que a trama prega. Ela só quer o material, a joia, a roupa. É um contraponto que chamou a atenção”, avalia.

E, do alto de sua experiência, ela não se esquece de elogiar a parceira de cena. “É ótimo contracenar com Débora, porque trabalhamos muito essa história da dupla. Sofia é infantil e infantiliza a filha”. Estreante na comédia, Débora retribui: “Tive a sorte de ter ao meu lado uma pessoa que sabe muito. Nesse trabalho, não dá para separar as duas. Até por isso estamos nesta matéria juntas. São personagens libertadoras, porque não temos filtros ou limites”, resume Débora.

Tudo para você usar igualzinho...

Tudo o que a dupla Sofia e Beatriz usa faz os olhos das telespectadoras brilharem. “Usamos peças da Oscar Freire e do Bom Retiro. Não temos preconceito ao montar as atrizes”, diz a figurinista Natalia Duran, referindo-se a um chique centro de compras de São Paulo e a outro superpopular. Entendedora do assunto, ela investe na tendência ‘high-low’, misturando peças supercaras com outras baratas. Natalia aponta dois itens indispensáveis para a patricinha: “Bijuterias e bolsas com ferragem. Perua pobre e perua rica têm uma bolsa dessas no armário”, garante. Nesta página, você vê o batom rosa da Beatriz, os óculos de sol da moça e o esmalte cinza da Sofia, inspirado em tom lançado pela Chanel. Copia!