Um curioso caso de má interpretação de leitura envolve o jornalista Berg Morais e a secretária da educação de Palmeira dos Índios, Professora Márcia Souza. O jornalista foi surpreendido com uma entrevista da secretária dada a rádio Farol FM, na quarta-feira, em que ela ameaça processá-lo por difamação e calunia em reação a matéria por ele publicada a respeito de questões pertinentes a merenda escolar.

Boquiaberto, o jornalista ouviu a secretária da educação, diretora de uma das maiores instituições de ensino da cidade, ameaçá-lo pela divulgação de informações incorretas e contrárias a atual gestão da SEMED. Sem saber, Márcia Souza estava cometendo um dos maiores fiascos, tanto da sua carreira como professora, quanto da sua gestão como secretária.

O texto divulgado no Blog do Berg Morais, no jornal online CadaMinuto, nesta terça-feira, dia 04 de julho de 2010, às 00h20, é, na verdade, uma defesa direta, clara e contundente dos acertos da Professora Márcia Souza no trato com a merenda escolar e, provavelmente, a primeira divulgação do elenco de medidas por ela realizadas para resolver o delicado problema da merenda escolar, denunciado como negligente e irregular na gestão anterior.

O texto do jornalista parte de denúncias em circulação a respeito da merenda. De acordo com elas a merenda escolar estaria sendo irregularmente estocada e mal distribuída. Berg, como todo bom repórter, foi a SEMED e falou com a própria secretária Márcia Souza. A conversa entre os dois está transcrita no texto. Márcia diz, por exemplo, que está sendo mantida regularmente a merenda, inclusive, no caso dos quilombolas que tem um acréscimo de custo além da escolar. A ressalva da subsecretaria, Cida Costa, segundo a qual, se algum dia houve falta da merenda isto se deve a falta d’água, também consta na matéria. Lá, consta também, a declaração de Márcia, de que pode até faltar aula, mas merenda não. Márcia nega as denuncia e o repórter inclui sua fala como também a declaração de que isto são coisas da política, fechando assim uma serie de expressões que completam a defesa da gestão da secretária Márcia, e de sua equipe. Onde há difamação e calunia?

Para ainda mais reforçar a defesa que a secretária Márcia estava fazendo das suas iniciativas em favor da merenda, o repórter cita palavras do coordenador da merenda, José Tenório. Que diz Tenório? Que desde o início da gestão a distribuição da merenda está mapeada e que todos os cuidados indispensáveis a manipulação correta dos alimentos está sendo feita, inclusive, com duas nutricionistas responsáveis pela supervisão da cozinha. Mais uma vez: cadê as acusações à gestão da professora Márcia? Onde está à difamação e a calunia? Onde o desprestígio? Onde a informação falsa e incorreta?

No fecho da matéria, o repórter ainda teve a precaução de, reproduzindo as informações prestadas pelo coordenador da merenda, José Tenório, referir que o depósito atual da merenda, contrariamente ao anterior, em local higiênico e insalubre, se encontra agora em sala climatizada. Não é incrível que a professora Márcia em meio a tantas informações favoráveis ao seu esforço, ainda encontre uma brechinha para processar o jornalista?

Querem os especialistas que uma das mais aterrorizantes deficiências do ensino brasileiro, provavelmente, a que faz rastejar pelo semi-analfabetismo multidões de brasileiros, seja a incapacidade de ler bem e fluentemente, sobretudo, a de interpretar claramente aquilo que lê. A professora Márcia é diretora de um dos mais respeitáveis estabelecimentos de ensino da cidade. Podemos esperar que ela não saiba interpretar um texto, não. Não podemos, é claro. Mas então, o que terá sido?

P.S.: Esse texto foi publicado pela Editoria do CadaMinuto e reproduzido neste Blog