Festas juninas e Copa do Mundo. Eventos em que crianças e adultos se divertem soltando traque, chumbinho, bombas e foguetes. Entretanto, para evitar que esse divertimento se transforme em tragédia, é sugestivo adotar alguns cuidados na hora de soltar os tradicionais fogos juninos.
“As queimaduras nem sempre são as piores consequências. Dependendo da intensidade do explosivo corre-se o risco de ficar surdo, cego, amputar a mão ou até mesmo o braço”, alertou Viviane Ferro, coordenadora do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Geral do Estado (HGE).
A recomendação da especialista é que caso algum familiar venha a se queimar durante este período, o ideal é lavar a área do corpo afetada com água corrente e enrolar com uma toalha limpa. Logo em seguida, procurar ajuda médica. Se a queimadura for muito extensa, deve-se acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), através do telefone 192.
Nenhuma pomada ou qualquer medicamento deve ser aplicado no ferimento sem prescrição médica. “O mesmo vale para creme dental, gelo, café e outros produtos que não passam de lendas quando o assunto é tratamento de queimaduras”, garante a médica.
Aos 35 anos, o publicitário P.B.T. nunca mais quer chegar perto de um explosivo, prefere observar a beleza da arte pirotécnica apenas de longe. Há oito anos, durante um jogo da seleção na Copa, um colega o chamou para soltar rojão em comemoração à goleada. No momento do acidente, o foguete, que estava nas mãos dele, explodiu e o deixou tonto e sem a audição.
“A sorte é que eu estava com o braço levantado, senão, teria atingido meu rosto. Fiquei surdo por muitas horas e tive a impressão de que tinha estourado o tímpano. Fui para o hospital e durante seis dias tomei antiinflamatório. Felizmente, não fiquei surdo. Mas o susto me serviu de aviso para o perigo”, conta.
Hoje, ele não se arrisca em acender nenhum tipo de explosivo e reconhece que muitas pessoas são irresponsáveis ao manusear o produto. “Tenho colegas que acendem um rojão segurando-o pelos dentes. É uma loucura. Só fazem isso porque não sabem o perigo que correm”, comenta.
No caso do publicitário, não foi o mau uso do foguete que o prejudicou, mas sim um erro do fabricante. Por isso, para comprar um explosivo, antes de tudo, é preciso ir a um local especializado. É importante observar se o lugar de venda é credenciado, pois os vendedores são treinados para orientar os usuários sobre as medidas de segurança. Ao comprar a caixa contendo os fogos é preciso conferir se há o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) na embalagem, além da validade.
As lesões a uma pessoa que sofreu queimaduras por fogos de artifício são graves e definitivas. De acordo com a médica Viviane Ferro, os dedos polegar, indicador e médio são os mais atingidos. Além disso, são comuns lesões do globo ocular, face e ouvido. “São lesões irreparáveis. Num segundo a pessoa se transforma num problema social grave, já que não pode mais trabalhar”, disse.
A médica ressalta que é preciso precaução na hora de soltar fogos. Para ela, crianças jamais deveriam brincar sozinhas com o material. “Já recebemos no CTQ crianças que se queimaram com traques e com chuvinha, não recomendo o contato de crianças com nenhum dos fogos juninos, a não ser com o adulto ao lado, orientando e manuseando os equipamentos”, disse.
O transporte dos fogos de artifício também requer tratamento especial. “Nunca os carregue junto ao corpo, nem mesmo as bombinhas mais inofensivas. Procure acender o material em locais abertos, longe de prédios e multidões, principalmente quando há bebida alcoólica circulando. Utilize bases e prolongamentos na hora de explodir os fogos”, orientou.
E para aqueles que queiram guardar o artefato em casa, a especialista alerta quanto aos cuidados específicos, “Mantenha-o distante das crianças, em local seco e longe de fogões, isqueiros e pessoas fumantes. Não tente reaproveitar os fogos que não estourarem. Caso isto ocorra, molhe o pavio para evitar acidentes e procure o comerciante que te vendeu o produto para exigir a troca. Esta é uma vantagem de não comprar fogos clandestinos”, finalizou.