Lula diz que Europa demorou para socorrer Grécia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à União Europeia nesta quarta-feira (19), um dia depois de encontrar-se com os chefes de governos da Grécia, George Papandreou, e da Espanha, José Luis Zapatero. Em discurso, Lula questionou a falta de controle sobre o sistema financeiro internacional e levantou dúvidas sobre a capacidade decisória do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo).
O presidente usou uma metáfora para comparar a crise ao vulcão islandês que pode jogar cinzas sobre a Europa a qualquer momento, paralisando o tráfego aéreo. A seguir, questionou:
"Alguém poderia me responder por que a Alemanha demorou tanto tempo para ajudar a Grécia? Como pode a Europa tão poderosa demorar três meses para resolver o problema da Grécia? É porque os países perderam o poder de fazer política monetária e estão dependendo de uma decisão coletiva, que de coletiva não tem nada. É quase que individual, porque quem tem mais dinheiro termina tomando a decisão", disse.
Lula apoiou ao presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, ao assegurar que a Espanha "está pagando por uma crise que não é sua" e atribuiu isso à "falta de controle do sistema financeiro".
"Espanha e Portugal sofrem mais do que os outros porque são menores em uma Europa de poderosos, mas frágil pela falta de controle de seu sistema financeiro", acrescentou.
Lula também atacou o tempo de reação da Alemanha na crise dos déficits e disse que seu governo fez tudo o que precisava para enfrentar a recessão em três meses.
Em tom de ufanismo em relação ao Brasil e de dura reprovação sobre a Europa, Lula discursou a uma plateia de políticos, empresários e diplomatas presentes ao seminário "Aliança para a Nova Economia Global", promovido na capital espanhola pelos jornais "El País" e "Valor Econômico".
'Afável e combativo'
O jornal "El País" descreveu a fala do presidente durante o evento como "fiel a um estilo que combina sua experiência de sua fase sindical com a dos dois mandatos no comando do Brasil, um caráter intimista e afável, porém direto e, em algumas ocasiões, combativo".
Enfatizando temas econômicos - mesmo em meio à crise diplomática gerada em torno do acordo com o Irã -, o presidente destacou repetidas vezes a saúde financeira da América Latina, e em particular de seu país. "O Brasil se transformará em uma grande potência econômica", previu, em meio a louvores a seu governo.
O presidente destacou o crescimento da economia nos últimos anos. "A economia brasileira é sólida porque a sociedade é sólida e participa do mercado", afirmou. "O Brasil aprendeu a ser sério e entrou em um caminho sem retorno. Venho pedir aos empresários espanhóis que invistam no Brasil, mas chegou o momento de que os brasileiros invistam na Europa", disse Lula.
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