Lula volta atrás e agora considera ?deplorável? escândalo no DF

02/12/2009 12:41 - Política
Por Redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta terça-feira (2) de “deplorável” o escândalo que envolve o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), o vice, Paulo Octávio (DEM), empresários e integrantes do governo, nesse que já é chamado de o "Mensalão do DEM de Brasília". “É deplorável para a classe política. Eu não entendo por que não se aprova a reforma política”, afirmou.

A afirmação ocorre um dia após Lula ter minimizado as imagens em que o pivô do escândalo, Durval Barbosa, distribui pacotes de dinheiro. Para ele, as imagens da distribuição de propina “não falavam por si” e não o autorizavam “a fazer juízo de valor” sobre o caso.

Em entrevista ao fim da visita de um dia à Kiev, capital da Ucrânia, Lula disse que quem for culpado pelas irregularidades deve ser punido. Nesta terça, ao falar pela primeira vez sobre o escândalo, Lula provocou polêmica ao dizer que apenas a investigação poderia apontar culpados.

 

“A imagem não fala por si. O que fala por si é todo o processo de apuração, é todo o processo de investigação. Quando tiver toda a apuração e investigação terminadas, a Polícia Federal vai ter que apresentar o resultado final do processo. Aí você pode fazer juízo de valor e mesmo assim quem vai fazer é a Justiça”, afirmou o presidente.

O escândalo começou no dia 27 de novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora. No inquérito, o governador Arruda é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados.

Ainda na terça, ao conceder entrevista coletiva na saída do hotel, em Portugal, onde participou da XIX Cúpula Ibero-Americana em Estoril, Lula fez questão de deixar claro que não estava acompanhando os desdobramentos do caso: “Não estou acompanhando, porque está na esfera da Polícia Federal e se está na esfera da Polícia Federal o presidente da República não dá palpite, espera a apuração para depois falar alguma coisa.”

Nesta quarta, o presidente reafirmou que o principal motivo de escândalos como esse é a demora para a aprovação da reforma política no Congresso Nacional. O presidente Lula defendeu a realização de uma ampla reforma política no país. Lula lembrou que o governo já enviou ao Congresso duas propostas de reforma que não progrediram.

“Já mandei duas reformas políticas para o Congresso Nacional. Agora, não é o poder Executivo que vota no Congresso Nacional. Espero que o Congresso tenha maturidade para compreender que grande parte dos problemas que acontecem com o dinheiro é na questão da estruturação partidária no Brasil”, argumentou Lula. “Então, vamos mudar urgentemente e fazer uma reforma política. A reforma política é condição fundamental para que a gente possa evitar que problemas como esse voltem a acontecer”, complementou.

A operação "Caixa de Pandora", da Polícia Federal, deflagrou uma profunda crise no Governo do Distrito Federal. Vídeos mostram o próprio governador Arruda recebendo um maço de dinheiro, quando ainda era candidato. De acordo com a denúncia de Barbosa, depois que o dinheiro era arrecadado com empresários, ele era distribuído para os integrantes do esquema.

Segundo o inquérito, recebiam o governador Arruda, o vice Paulo Octávio, secretários de governo, assessores e deputados da base aliada. Parte do dinheiro era entregue pelo próprio Barbosa, que filmou alguns desses encontros.

Neste domingo (29), o governador e o vice emitiram nota em que se dizem “perplexos” com as denúncias contra o governo, que classificaram como um “ato de torpe vilania”. Nesta segunda-feira (30), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu submeter o pedido de impeachment do governador do Distrito Federal à votação em seu conselho. O presidente nacional da entidade, Cezar Britto, e a presidente da seccional no DF, Estefânia Viveiros, defendem abertamente a apresentação do pedido de impeachment.

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