O psiquiatra Aloísio Priuli, médico do ex-cantor do grupo Polegar Rafael Ilha, disse que ele pode deixar o hospital ainda nesta quarta-feira (21). Ilha sofreu um corte no pescoço nesta terça-feira (20), passou por uma pequena cirurgia no Hospital do Campo Limpo e está internado na unidade do Hospital São Luiz no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo.
“Ele está melhor, fora de perigo, vou chegar agora no São Luiz e fazer a medicação, talvez ele saia hoje [quarta-feira]”, afirmou Priuli. De acordo com o médico, Ilha passou por uma cirurgia para suturar um corte. “Foi uma pequena cirurgia, teve uma veia que foi suturada. É um corte pequeno, mas saiu muito sangue”, contou.
De acordo com a Polícia Militar, o ex-cantor tentou se matar dentro do elevador de um condomínio na Avenida Giovanni Gronchi. O boletim de ocorrência, registrado no 89º Distrito Policial, no Portal do Morumbi, relata que Ilha foi encontrado “consciente, de pé, com um pedaço de vidro na mão esquerda enfiado no pescoço e com um garfo na mão direita, aparentando estar sob influência de entorpecente”. Os policiais relataram na delegacia que ele dizia a frase “eu vou me matar”. Os policiais negociaram com ele durante cerca uma hora e Ilha aceitou jogar no fosso do elevador o garfo e o vidro.
O médico acredita que o ex-cantor teria sofrido um surto. Exames não comprovaram ainda, segundo o psiquiatra, que Ilha usou entorpecentes. “O quadro dele era de surto psicótico, ele tem um distúrbio bipolar. Se usou ontem [drogas], a gente não sabe. O que sabemos é que ele ficou sem os medicamentos. O Rafael está em tratamento, tem uma depressão muito grande. Nos exames, até agora, não deu nada de droga”, disse.
Priuli é médico do ex-cantor há cerca de dez anos. Segundo ele, Ilha trabalhava como prestador de serviços em duas clínicas, mas estava enfrentando muitos problemas pessoais. O ex-cantor se separou da mulher recentemente e sofre com a falta do contato diário com filhos. “Ele está com um problema de família muito grave e não está conseguindo ter força.”
Problemas particulares
O advogado do ex-Polegar afirmou que os familiares não confirmam a informação de que Ilha teria tentado se matar. Ele disse que seu cliente livrou-se das drogas há tempos e que ainda irá se encontrar com Ilha no hospital para saber o que ocorreu com ele. “Ele [Ilha] está com problemas. A distância dos filhos [um legítimo e uma enteada] o deixa triste”, disse Santos por telefone ao G1 na manhã desta quarta (21).
O advogado informou que também não pode afirmar ainda com certeza o que realmente aconteceu no prédio: se seu cliente tentou se ferir sozinho ou se acidentou. “O que sei é pela polícia e pela imprensa. Ainda preciso me encontrar com o Rafael para saber o que ocorreu com ele”, disse Santos, que é advogado de Ilha no caso em que o ex-Polegar foi acusado e preso por tentativa de sequestro em julho de 2008.
Histórico
Em julho de 2008, Rafael Ilha passou 17 dias na prisão, acusado de tentativa de sequestro, formação de quadrilha e usurpação de função pública. Ele teria tentado, junto com outras duas pessoas, colocar à força em um carro a esteticista Karina Costa, de 28 anos. Ele informou à polícia que o ex-marido dela tinha entrado em contato e pedido para que a mulher fosse internada na clínica de reabilitação contra dependentes químicos do ex-Polegar. A esteticista negou ser usuária de drogas.
Rafael era cantor do Grupo Polegar, que estourou em 1989, com a música "Dá Para Mim", e chegou a vender um milhão de discos. Rafael Ilha deixou o grupo em 1991. Depois disso, o ex-vocalista acumulou passagens pela polícia. Ele foi preso pela primeira vez em setembro de 1998, quando tentava assaltar pessoas num cruzamento para comprar drogas. Ele roubou um vale-transporte e uma nota de R$ 1 de uma balconista na Zona Sul de São Paulo.
No ano seguinte, ele foi detido por dirigir uma moto na contramão. Depois, foram duas outras prisões por porte de cocaína. Em 2000, o ex-integrante do grupo Polegar passou mal depois de engolir uma caneta, três isqueiros e uma pilha, durante uma crise de abstinência. Meses depois, ele ingeriu outras duas pilhas e precisou ser submetido a uma cirurgia, em um hospital de São Paulo, para a retirada dos objetos.
Em 2005, foi detido em Itapecerica da Serra, em frente à clínica dele, com uma arma calibre 380, com numeração raspada. Ele acabou autuado em flagrante por porte ilegal de arma. Em setembro de 2007, o ex-Polegar voltou à delegacia, mas como vítima. Rafael se dirigiu à residência de um jovem de 30 anos com intuito de convencê-lo a se internar. De acordo com a polícia, quando o homem percebeu a chegada do ex-vocalista, acabou fugindo em seu carro. Rafael passou a persegui-lo e, após um tempo, o jovem parou o carro e teria agredido o ex-cantor.