Jorge Ferreira da Silva, natural de Carangola, Minas Gerais, é conhecido no mundo do futebol como Palhinha, um dos jogadores mais importantes na história do São Paulo na década de 90, participando do bicampeonato da Libertadores e do Mundial Interclubes. Em entrevista exclusiva ao site Justicadesportiva.com.br, Palhinha abriu o jogo sobre suas opiniões e desejos no futebol.
A trajetória de Palhinha no mundo do futebol como profissional começou em 1987 no América/MG, onde chamou a atenção do técnico Telê Santana e sua carreira mudou. Do Coelho mineiro, ele saiu para o São Paulo, para atuar ao lado de craques como Raí e Muller. Palhinha chegou a participar das Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994, mas acabou preterido da lista final do técnico Carlos Alberto Parreira.
Depois de se destacar no Tricolor paulista, Palhinha foi para o Cruzeiro e conquistou mais uma Libertadores, a de 1997. No exterior, ele tentou a sorte no Real de Marllorca, da Espanha, mas não se adaptou e voltou ao Brasil para atuar ainda por Flamengo, Grêmio, Botafogo e novamente para o América/MG. Em seguida, outros tentativas de fazer carreira fora do país, primeiro no Sporting Cristal e Alianza Lima, do Peru, depois no Khaimah Sports, Emirados Árabes Unidos. Na sua última e definitiva volta ao futebol brasileiro, Palhinha rodou pelo Uberaba, Bandeirantes, Ipatinga, Chapecoense, Farroupilha e, por último, o Guarulhos, onde encerrou a carreira em 2006.
Apesar de ter pendurado as chuteiras, Palhinha não saiu do mundo futebolístico. Agora, ele trabalha como olheiro e “caça” novos talentos para o futebol, sonhando em um dia voltar a trabalhar no São Paulo na parte técnica.
D – Qual a importância de Telê Santana na sua carreira e para o São Paulo?
Palhinha – “O Telê foi tudo de bom, porque foi ele que pediu a minha contratação e me deu chances no São Paulo. E das muitas coisas que hoje o São Paulo é hoje, é graças as cobranças dele”
JD – Qual São Paulo você considera melhor, o de 92/93 ou o de 2005?
Palhinha – “O de 92, sem dúvida nenhuma. O time de 92 era muito melhor que o de 2005 já começando pelos valores individuais de cada jogador. Para mim todos os jogadores de 92 eram melhores que os de 2005, e só não ganhamos o Campeonato Brasileiro de 92, o resto ganhamos tudo. Então não tem comparação. E outra, os de 2005 vieram com moral por nossa causa”
JD – Você acredita que a sua geração foi a grande responsável por criar esse vínculo entre a torcida são-paulina e a Libertadores?
Palhinha – “Com certeza. O São Paulo da minha época despertou o interesse de todo mundo que queria ver um bom futebol e a torcida cresceu porque o time ganhava não só dos clubes brasileiros como de todos os adversários, o que, consequentemente, despertou o interesse de conquistar a Libertadores. Isso faz com que os adversários queiram ganhar sempre do São Paulo”
JD – Você continua trabalhando com futebol, agora fora de campo. Quais são as suas ocupações atualmente?
Palhinha – “Estou trabalhando com alguns empresários para tentar achar alguns jogadores de qualidade no nosso futebol”
JD – Você aceitaria se fosse convidado para voltar ao São Paulo com um cargo na comissão técnica?
Palhinha – “Claro que aceitaria. Eu acho que o melhor serviço quem tem no São Paulo é o Milton Cruz (olheiro e auxiliar técnico do clube) (risos). Praticamente não tem pressão e está sempre de boa. Mas queria qualquer função, estar no São Paulo seria tudo de bom”
JD – Você declarou uma vez: “ninguém nos chamava de ‘bambis’, eles nos respeitavam, e hoje não. Tem jogador lá que não sabe o que é a camisa do São Paulo, o que significa jogar no São Paulo”. O que significa a camisa do São Paulo? Hoje é raro o vinculo de um atleta ao clube e sim ao financeiro?
Palhinha – “Na minha época não tinha tanta frescura como se tem hoje. Por exemplo, para falar com algum jogador tem que falar com assessor. E eles não jogam a metade que jogávamos antes. Em relação ao comprometimento do jogador com o clube, isso não existe faz muito tempo. Antes os jogadores jogavam por amor ao clube e o clube nunca valorizou isso. Tem vários ex-jogadores que hoje passam necessidade e o clube não está nem aí. Por isso que os jogadores de hoje são mais inteligentes e saem logo do clube por dinheiro”
JD – Sente falta da época de atleta?
Palhinha – “De verdade, não. Fiz tudo que poderia ter feito quando jogava e faria tudo de novo, da mesma forma”
JD – Era mais fácil jogar naquela época do que hoje? O futebol está mais violento e mais corrido?
Palhinha – “Na minha época era muito mais difícil jogar, porque tinha muito mais jogadores de qualidade. Hoje só sabem correr e trombar uns nos outros”
JD – Qual foi o jogo mais marcante da sua carreira?
Palhinha – “O primeiro pelo São Paulo (empate em 1 a 1 com o Santos, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro de 1992)”

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