Alexandre Pato ganhou um tempo para encontrar o foco no Milan. O técnico da seleção brasileira, Dunga, o deixou de fora da lista dos convocados para o amistoso contra a Estônia, no dia 12 deste mês, em Tallin. E chamou Diego Tardelli, do Atlético Mineiro, um dos artilheiros do Campeonato Brasileiro, com nove gols.

Mas as portas para Pato estão abertas. Ele recebeu elogios de Dunga que, em conversa com o Blog do Boleiro, lembrou que não é fácil ser tratado como estrela aos 17 anos e que o jogador do Milan precisa melhorar junto com seu time.

Para o amistoso contra a Estônia, o técnico do time do Brasil pretende observar mais o volante Kléberson (Flamengo) e o zagueiro Miranda (São Paulo). Ele lembra que a seleção brasileira está aberta e que até a Copa do Mundo de 2010, os jogadores vão ter chance de jogar.

Blog do Boleiro – Chamar o Tardelli é uma mostra de que o ataque tem vaga ainda?
Dunga – A gente precisa dar uma mexida lá na frente.

O Alexandre Pato não foi bem na Copa das Confederações.
É normal ele ter estes altos e baixos. Ele vai precisar se firmar mais. Sabe o que acontece? O garoto fez dois jogos e vocês da imprensa já saíram dizendo que ele era melhor que o Pelé. Mas o Pelé jogou mil jogos, fez mais de mil gols, não dá para comparar.  É difícil para ele.

Na Copa das Confederações ele mostrou timidez ou estava no terceiro andar?
Um pouco de cada coisa. O guri é bacana. Agora, ele não tem experiência. O mundo caiu no colo dele em quatro meses e agora ele precisa focar no jogo. Ele é um ótimo garoto para se trabalhar. Vai encontrar seu lugar. E tem também a situação do Milan, que não é das melhores. Isso contribui. Mas, repito, ele é um bom guri, tranqüilo.

Mas o Pato não é o primeiro jovem brasileiro a sair para a Europa com status de estrela.
Não, é verdade. Tem uma geração de jogadores que foram para fora sem terem apanhado da vida antes. Aí vão para lá, não são titulares, ficam irritados porque o brasileiro gosta de jogar, só se diverte jogando. Mas é bom para eles porque eles vão ter que reagir. Esta experiência vai deixá-los maduros mais rapidamente.

O Diego Tardelli, quando apareceu no São Paulo, também ganhou status de estrela rapidamente. Depois, teve problemas para se firmar.
Mas ele já vinha bem desde o ano passado. Tu vê como é. Ele apareceu, as portas vão fechando, o cara cresce, forma família e as coisas mudam. Depende somente da pessoa. O Tardelli hoje é outro jogador. Ele agora tem experiência, um passado e tem responsabilidade. A chance está sendo dada. Ele tem que chegar e aproveitar.

Você chamou vários reservas da Copa das Confederações. Eles vão jogar contra a  Estônia?
Vou usar todo mundo, lógico, dependendo do jogo. Chamei o Kléberson porque ele jogou pouco na África do Sul. O Miranda também precisa jogar mais tempo. O Marcelo voltou para a gente ver como se sai. Estou botando todo mundo para jogar.

E como você vai ver o Elano (Galatasaray) e o André Santos (Fenerbahce) jogando na Turquia? Ficou longe agora.
Nada rapaz. Já tem vôo direto de São Paulo para a Turquia. Mas a gente precisa saber como estão fisicamente, como estão os times deles. Porque esses jogadores, a gente conhece. Vou olhar o Kaká para quê? Para saber se ele está jogando bem? Ele pode até não estar num bom momento, mas tu já sabe o que ele pode fazer. Nossa preocupação é saber quem está bem ou não fisicamente.

O Kleber ficou de fora da lista para este amistoso. Está queimado?
Não. Ele vai ter oportunidade. Como falei, estamos botando todo mundo para jogar.

E o André Santos agradou na Copa das Confederações?
Ele pode jogar mais, jogar o que jogava no Corinthians. Mas também não dá para querer que o cara entre e arrebente. Ele não treinou e jogou. Desde o primeiro dia dele, a gente conversou com ele. Era o que dava. Depois tem que ter mais treino, repetição. Lá foi porrada o tempo todo. Mas o André foi bem tranquilo.