O bairro do Jacintinho é um dos mais populosos de Maceió e segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem 83.931 habitantes, que equivale a 9,86% da população da cidade. Teve origem a partir de um sítio, que possuía poucas casas e começou a se desenvolver em 1950, quando já tinha 20 mil moradores. No final da década de 60 foi construído o conjunto habitacional da Cohab e mais tarde, favelas fizeram o bairro periférico crescer desordenadamente.
Em 1970 a população dobrou e o surgimento de pequenas mercearias foi o passo inicial para expandir o comércio local, que hoje é praticamente independente, funcionando também nos finais de semana, com a venda de produtos que vão desde gêneros alimentícios a vestuário.
Este ano, o Jacintinho comemora seu centenário, marcado por dificuldades e exemplos de dignidade e persistência de seus moradores, contrariando as estatísticas, que em março apontaram que das 74 mortes, 7 ocorreram no bairro, correspondendo a 9,5%. O Jacintinho ocupou o 3° lugar no ranking dos mais violentos de Maceió.
O nome faz referência a um rico morador chamado Jacinto Athayde, descendente de portugueses, que construiu seu casarão no Poço. Alguns moradores cultivavam milho e mandioca e criavam gado e foi em 1968 que o bairro ganhou a primeira linha de ônibus coletivo, já que até então havia um bonde.
Com o passar dos anos, o Jacintinho se dividiu, originando o Jacintão, além da Grota do Cigano, Aldeia do Índio, Piabas, Grota do seu Arthur e Alto do Boi.
O comércio e a cultura do bairro são marcas registradas, como o teatro e a dança, aliados ao esporte, a exemplo da capoeira, evidenciando a diversidade das manifestações populares.
O projeto Mirante cultural, criado em 2008 pelo Centro de estudos e pesqusias afro-alagoanas Quilombo reúne oito grupos artísticos, compostos por moradores que se encontram durante a última sexta-feira de cada mês, para mostrar que lá também existem coisas boas.
As apresentações no mirante do Jacintinho acontecerão até novembro, levando também esperança para a população carente.
O Jacintinho conta ainda, com um farol que fica situado numa área de 17.424 metros quadrados, se destacando por suas cores em preto e branco e à noite pela iluminação. Do alto, a visibilidade compreende um raio de 85 quilômetros, que vai de Jacarecica até a Barra de São Miguel e permite uma vista privilegiada de toda cidade e da orla marítima.

O professor de capoeira Denivan Costa de Lima contou que a maioria dos participantes do projeto mora no bairro e que eles têm a oportunidade de divulgar a diversidade do local e mostrar que o Jacintinho não tem apenas criminosos.
"A sociedade precisa saber que aqui existe gente honesta e que os jovens comandam e são os maiores beneficiados com essas ações culturais, porque se tornam professores e alunos. Antes, tínhamos um patrocínio de R$ 500 do Fundo de Ação Social, que servia para custear apresentações de grupos de outros bairros, mas já não recebemos a verba. Na última apresentação, cerca de 300 espectadores compareceram ao Mirante cultural, que teve a colaboração do Olhar circular, com a exibição de vídeos, destacou.
A comerciante Claudina Viana, que apesar de morar no Prado tem um pet shop no Jacintinho há cinco anos, disse ter escolhido o bairro para instalar seu estabelecimento comercial devido a visibilidade do local.
"Aqui não para, funcionamos de domingo a domingo pra atender os clientes. Recebemos pessoas de bairros vizinhos como Tabuleiro, Via Expresa e Centro, devido ao preço acessível das mercadorias e pelo comércio ter de tudo".
O coordenador da Associação Juventude, Gilson, acredita que para melhorar o comércio no Jacintinho ainda é preciso mudar o trânsito de veículos, que é intenso, e levar mais segurança e policiamento para o bairro.
"Também precisamos de uma agência bancária, que foi desativada há algum tempo", ressaltou.