Morre aos 95 anos o ex-deputado alagoano Oséas Cardoso

31/05/2009 12:09 - Política
Por master
Faleceu na madrugada deste domningo uma das figuras mais emblemáticas da política alagoana. O ex-deputado Oséas Cardoso, sofreu im infarto na última segunda-feira, tendo sido conduzido para o Hospital São Lucas, de Brasília, onde desenvolveu um quadro de hemorragia estomacal, tendo entrado em coma. Na madrugada deste domingo (31), com o agravamento do quadro, veio a falecer.

Segundo seu assessor, Juarez Antônio, o ex-Deputado exercia atualmente a chefia da representação do setor açucareiro de Alagoas, em Brasília. O corpo está sendo velado no Campo da Esperança, capela 6, no Distrito Federal,  e será sepultado nesta segunda-feira, dia 1º, às 11 horas.

Quem foi Oséas Cardoso ?

Oséas Cardoso Paes viveu e atuou politicamente nesse mundo, recebendo, desde adolescente, a influência do seu meio social. Nascido às margens do rio Paraíba, na cidade de Viçosa, na Zona da Mata, em Alagoas, cedo se deixou dominar pela mais exigente e absorvedora das amantes que o homem pode ter: a Política.

Dotado de uma coragem suicida e de uma enorme habilidade no manejo das armas, notabilizar-se-ia nas inúmeras lutas travadas pela conquista do poder, em nosso Estado. A imaginação popular coloriu sua participação nesses conflitos com tonalidades de lenda. À medida que exercia cargos de destaque, sua fama de valente espalhava-se pelo País. Surgiram vários contestadores. Saíram-se sempre mal.

Prefeito de Piranhas, no alto do sertão do São Francisco, e da encantadora Pilar, na Interventoria lsmar de Góes Monteiro, foi um bom administrador, apesar da precariedade dos recursos dos municípios.

Amigo leal e dedicado, permaneceria ao lado do General Ismar nos conflitos que separaram os irmãos Góes Monteiro. A amizade entre os dois foi muito sólida. Oséas era uma espécie de seu procurador em Brasília.

Deputado Estadual em três legislaturas e Deputado Federal em duas, foi eleito e reeleito com magníficas votações pelos alagoanos, empolgados pela sua personalidade singular e gratos por gentilezas recebidas, oriundas de sua vocação nata para servir.

Oséas Cardoso era dessas pessoas que gostavam de fazer, e não de receber favores. Cassado, afastado da política, continuou com a mesma prestimosidade. Atendia com fidalguia a todos que o procuravam, quer fossem amigos, estranhos ou antigos desafetos.

Casado com um anjo feito mulher, sempre teve na esposa aquela companheira com quem comungou suas angústias, seus perigos e suas alegrias. Afirmava que, sem Lilita, ele de há muito teria soçobrado. Ela foi uma espécie de tábua de salvação que o impediu de naufragar no mar revolto das suas inquietações.

Cassado, durante dez anos, jamais perdeu a sua imagem, em Alagoas. Em sua última eleição à Câmara Federal, conseguira a maior votação, em termos absolutos, do nosso Estado, e, em termos proporcionais, do Brasil. Jamais ousaram acusá-lo de corrupto ou de subversivo. Até porque, a exemplo do que acontece com os verdadeiros políticos, ele saiu pobre da política. Nunca se locupletou dos cargos que exerceu ou do prestígio de que desfrutou para enriquecer.

Dedicou-se nesses últimos anos à iniciativa privada. Nela, graças à sua capacidade de trabalho e aos amigos que soube fazer e conservar, formou um patrimônio que lhe permitiu viver com dignidade o resto dos seus dias. Transformou sua casa, na Capital Federal, em verdadeiro consulado de Alagoas, onde recebia amigos e redescobria o passado. Com privilegiada memória e dispondo de meticulosas anotações dedicou parte de seu tempo à literatura. Publicou Atividades Parlamentares, O Político - 17 Anos Depois, Retalhos de Uma Vida, Nossa Luta no Parlamento. O Impeachment e, mais recentemente, Páginas de Minha Vida. São livros de memórias. Pedaços de um cotidiano, enriquecido pelas batalhas que empreendeu para atingir os objetivos a que se propôs, ainda no alvorecer da existência. (Texto: Tribuna do Sertão)

Tiroteio na Assembléia

O Deputado Estadual e líder do PTN, Oséas Cardoso, foi o autor da denúncia por crime de responsabilidade que deu início ao processo de impeachment de Muniz Falcão. Oséas acusava o governador de ser o responsável pelo alto índice de violência em Alagoas, e por ameaçar o Poder Legislativo.

No dia 13 de setembro de 1957, às 14:30, um tiroteio resultou na morte do Deputado Humberto Mendes, sogro do Governador. Muniz sofreu o processo de impeachment mas acabou absolvido e conseguiu voltar ao poder.

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