Ministro atribui à minoria intolerante críticas ao Bolsa-Família
Demonstrando contrariedade com a abordagem da imprensa às fraudes detectadas recentemente no programa Bolsa Família, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, afirmou ontem (15), que setores minoritários do País, com influência nos meios de comunicação, são intolerantes "com os direitos e com as lutas dos pobres". No início do mês, uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que falecidos, políticos eleitos, suplentes e outras pessoas que não teriam direito recebem o benefício. O ministro acredita que falta boa vontade com as políticas sociais do governo e classificou como "muito ruim" a expressão portas de saída, usada para caracterizar uma etapa posterior ao programa de transferência de renda.
"Traduz um sentimento assim: quando essas pessoas vão sair daí? Como se os pobres fossem incômodos. Na minha terra, no norte de Minas, porta de saída é a serventia da casa", disse. "Nós queremos cada vez mais é ampliar as portas de entrada, para que os pobres cada vez mais tenham entradas no Brasil. Portas de entrada para a inclusão, portas de entrada para o trabalho, portas de entrada para a educação, portas de entrada para a dignidade, para a cidadania".
O relatório do TCU constatou indícios de fraude no pagamento
de cerca de 106 mil benefícios, o equivalente a 3,4% da folha mensal de
pagamentos. Em uma palestra para assistentes sociais,
"Os nossos adversários não descansam. Ainda tem gente no Brasil com mentalidade escravocrata", afirmou. "É impressionante, qualquer problema que aparece, como que eles veem com sofreguidão, o que expressa a animosidade que eles têm com qualquer dinheiro direcionado aos pobres. O País aceita sem discussão nenhuma subsídios para os ricos".
Patrus disse que as denúncias estão sendo apuradas e em entrevista ponderou, destacando a importância do TCU e da imprensa no combate a fraudes e equívocos do programa, "ainda que localizados". Segundo ele, o governo tem dado "forte ênfase" à capacitação profissional dos beneficiários, por meio de convênio com empresas e oportunidades geradas pelos investimentos e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O ministro considerou positivo o fato de o PSDB ter
realizado recentemente um seminário
Patrus reconhece que o programa teve antecedentes no governo Fernando Henrique Cardoso, com o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação, mas afirma que a "virada histórica" ocorreu na atual gestão. Ele ressaltou que o governo está empenhado em criar uma base jurídica para a manutenção dos programas sociais. "No sentido que esses programas se tornem cada vez mais políticas públicas, políticas de Estado. Ou seja, para mudá-los ou para haver qualquer retrocesso tem de mudar a lei. Em alguns até nós estamos procurando colocar no campo constitucional".
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