Obama deixa porta aberta para punição a quem autorizou tortura na era Bush

21/04/2009 20:43 - Política
Por redação
O presidente dos EUA, Barack Obama, deixou em aberto nesta terça-feira (21) a possibilidade de punir alguns funcionários que tenham aprovado métodos violentos para interrogatórios contra suspeitos de terrorismo durante o governo de George W. Bush.

Ele disse que, pela aplicação de técnicas como o afogamento (waterboarding), os EUA perderam os "limites morais".

"A respeito daqueles que formularam essas decisões legais, eu diria que será mais uma decisão do secretário de Justiça dentro dos parâmetros de várias leis, e não quero prejulgar isso", afirmou Obama após encontro com o Rei Abdullah, da Jordânia. "Acho que haverá questões muito complicadas envolvidas aqui", acrescentou.

Mais tarde, o porta-voz Robert Gibbs disse que a Comissão Independente do 11 de Setembro, que investigou e relatou sobre os ataques de 2001, devem servir como modelo.

Vários parlamentares democratas defendem investigações a respeito do programa e afirmam que poderia haver processos baseados nas leis antitortura. Militantes dos direitos humanos consideram que tais processos seriam importantes para evitar futuras repetições dos abusos.

Anteriormente, o presidente havia dito que não queria ver processos contra agentes da CIA que tomaram parte de interrogatórios com uso de afogamento e outras táticas discutíveis, uma vez que eles agiam sob parâmetros definidos por superiores hierárquicos que haviam, àquela época, estabelecido a legalidade daquelas práticas.

Na semana passada, Obama divulgou documentos sigilosos detalhando as técnicas violentas de interrogatório, o que provocou um intenso debate nos Estados Unidos sobre se deveria haver um processo contra os responsáveis.

O governo Obama também prometeu proteger funcionários da CIA de "qualquer tribunal internacional ou estrangeiro", num recado à Espanha, onde um juiz ameaçou investigar atos cometidos por funcionários públicos durante o governo Bush.

Obama também disse que pode apoiar uma investigação do Congresso sobre o programa de detenção de terroristas da era Bush, mas apenas sob certas condições -uma delas, de que ela fosse bipartidária. Ele disse temes o impacto que audiências politizadas e polêmicas no parlamento possam ter nos esforços do governo para conter o terrorismo.

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