Boatos tomam conta da internet e causam pânico e desinformação em Maceió

20/10/2016 11:02 - Maceió
Por Vanessa Siqueira
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Um homem vestido de palhaço semelhante aos que aterrorizam cidades americanas foi visto no Centro de Maceió. Áudios de detentos do Baldomero Cavalcanti ordenando toque de recolher. Fotos de ônibus incendiados e de pessoas supostamente mortas pela polícia em confronto. O que essas informações tem em comum? Todas viralizaram em redes sociais e no WhatsApp, porém são todas mentiras.

Todas essas e outras informações vêm sendo divulgadas com muita intensidade em Maceió desde a última sexta-feira (14) e aumentado a sensação de insegurança entre as pessoas. A prática de espalhar boatos, ou Hoax – termo em inglês utilizado para definir um boato em rede social, vem cada vez mais tomando força e por muitas vezes chegam a ser dadas como verdadeiras num primeiro momento, mas acabam sendo desmentidas, na maioria das vezes.

Pouco tempo depois que o primeiro ônibus foi incendiado em Maceió na sexta-feira, no conjunto Frei Damião, no Benedito Bentes, fotos, áudios e vídeos falsos começaram a ser espalhados pela internet. Boa parte desse conteúdo viralizou por meio do WhatsApp e foi tomando proporções cada vez maiores a cada ação criminosa.

A mesma coisa aconteceu quando a Segurança Pública deflagrou uma operação de ocupação no bairro do Clima Bom. Vários áudios, fotos e relatos tomaram conta de redes sociais, causando mais uma vez pânico entre as pessoas.

Questionada sobre a veracidade dos conteúdos, a Secretaria de Segurança Pública informou que todas são falsas. Até mesmo o número de emergência do Centro Integrado de Operações da Segurança Pública (Ciosp) vem sofrendo com trotes. A SSP frisou que os áudios de supostos detentos ordenando toque de recolher, fotos de pessoas mortas e de novos ataques a ônibus não foram registradas pelo serviço de Inteligência.

Na terça-feira (18), o secretário de Segurança, coronel Lima Júnior, comentou sobre o assunto e afirmou que nenhuma das informações que se espalharam seria verdadeira, descartando também a veracidade de um áudio onde detentos afirmavam que iriam ordenar ataques a viaturas do Samu.

“Nossa inteligência não identificou nenhum registro sobre essas mensagens, mas estamos atentos para garantir a segurança da população”, assegurou.

As farsas da internet

Não é novidade encontrar mensagens sobre doações para crianças doentes, sorteios mirabolantes, notícias de sites que não existem, cura para doenças e uma infinita lista de histórias que geram dúvidas. Em situações mais críticas, como desastres, acidentes e ações criminosas muitas pessoas acabam acreditando em conteúdos que parecem ser reais e acabam apenas sendo um fio condutor para espalhar as mentiras.

Um bom exemplo do poder destrutivo que o mau uso da internet pode causar foi a trágica morte do ator Domingos Montagner, que se afogou durante um mergulho no Rio São Francisco em setembro. Várias imagens de um corpo que seria do ator, áudios relatando que o ator teria sido resgatado com vida, que tinha sido encontrado morto antes da hora real, entre outras situações, causaram uma grande confusão entre os usuários e foram amplamente compartilhadas nas redes sociais e no WhatsApp. Algumas delas chegaram a ser divulgadas pela imprensa, que precisou desmentir as informações posteriormente.

Os hoaxes, como são definidos os boatos na internet, povoam redes sociais e aplicativos de mensagens, mas é preciso cuidado para não acabar se envolvendo em problemas. Há hoaxes também definidos como phishing (que significa pescaria em inglês) que podem “fisgar” dados do usuário com mensagens do tipo ‘clique aqui’ ou ‘compartilhe’.

O professor na área de publicidade e especialista em marketing estratégico, Raphael Araújo, alerta para a importância de desconfiar de determinados conteúdos divulgados, que podem ter o intuito apenas de enganar pessoas.

“Existem vários exemplos que surgem para simplesmente enganar as pessoas e causar medo a sociedade, como vimos recentemente nos episódios da queima de ônibus em Maceió, bem como a onda de assassinatos em massa no estado. Outros são simplesmente boatos com a intenção de criar uma corrente e conseguir o maior número de visualizações, sendo, no final, uma forma de propaganda. E os mais populares são os que apresentam fotos e vídeos relacionados com lendas urbanas, que despertam a curiosidade das pessoas”, explicou.

Em tempos onde a informação flui mais rápido que a capacidade de filtrar o que é falso ou verdadeiro, nem sempre é tão fácil distinguir um boato de uma informação verdadeira. Raphael alerta que as pessoas devem desconfiar de algumas mensagens e ter como hábito pesquisar em outras fontes a veracidade do conteúdo recebido para ter a certeza que não é mais uma vítima de uma farsa.

Confira as dicas:

Desconfie: Antes de clicar em qualquer coisa que lhe enviem, controle sua curiosidade e pense: “Se esse vídeo é verdadeiro, por que nenhum portal de notícias falou sobre isso?” ou “Será que a tal pessoa se deixaria filmar em uma situação tão constrangedora?” ou “Isso tem algum fundamento lógico diante dos fatos que passam na mídia?”. Enfim, desconfie sempre.

Farsas: Ainda que o conteúdo pareça verídico, algumas características da imagem e do texto podem servir para identificar mentiras que circulam pela web. Informações com as expressões “URGENTE” e “LEIA ESTA MENSAGEM” são indícios de que pode se tratar de uma grande farsa. Já nas redes sociais, é comum ver uma foto (geralmente montagem) que provoque comoção, nojo ou indignação, para tentar lhe envolver pelo lado emotivo e aumentar o poder de disseminação da informação.

Cheque a informação: Alguns dos boatos são descobertos em uma pesquisa no Google, onde é suficiente para saber se a história é verdadeira ou falsa. Antes de compartilhar, leia os comentários de outros usuários e, quando se tratar de uma rede social, verifique os sites de notícias para saber se existe uma fonte real de informação. Resumindo, não acredite em qualquer coisa que encontrar pela web.

Denuncie: Por último procure ser solidário. Avise seus amigos que ficam assustados com os boatos. Depois, vá além: alerte aos administradores da rede social sobre o que está acontecendo. Denuncie sempre. Evite que outras pessoas sejam enganadas ou que compartilhem notícias falsas.

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