O atacante Müller, o meia Marcelinho Carioca e o volante Vampeta foram escalados para entrar em campo em 2009. Mas a atuação não será na Copa do Mundo, que acontece no próximo ano, e sim na política. Os craques vão concorrer a uma vaga de deputado federal nas próximas eleições. Após os sucessivos escândalos de corrupção no Congresso, artistas e esportistas com carreiras bem sucedidas e imagem construída sob a aura da honestidade e garra podem ser a saída dos partidos para driblar a crise de credibilidade por que passa o meio político. E, por tabela, ainda alcançar quocientes eleitorais capazes de eleger não só os candidatos famosos como outros nomes da legenda ou coligação.
A participação de ídolos do futebol e de artistas na política faz parte de uma tendência já verificada nas eleições de 2006, quando famosos como o cantor de forró Frank Aguiar e o estilista Clodovil Hernandes - morto em março após um AVC - se elegeram por São Paulo para a Câmara dos Deputados com duas das mais expressivas votações do país.
Graças a quase meio milhão de votos, Clodovil levou de carona ao Congresso outros dois parlamentares do PTC - partido trocado depois pelo PR - um deles com menos de sete mil votos. Atentos ao potencial dos artistas em arrebanhar fãs, ou melhor, eleitores, alguns partidos estão investindo em atrair personalidades para suas fileiras.
O maior exemplo é o PTB paulista, que filiou artistas e esportistas com carreiras consagradas e prepara-os para serem o diferencial para as eleições. Além dos jogadores Müller, Marcelinho e Vampeta na disputa para a Câmara, os cantores Luiz Carlos, do grupo Raça Negra, e Teodoro, da dupla sertaneja Teodoro & Sampaio, concorrerão a uma cadeira de deputado estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo.
O secretário-geral da Executiva Nacional do PTB e presidente da legenda
"O objetivo é restituir a credibilidade dos políticos e transformar nosso partido no mais forte e moderno de São Paulo. A história de vida dos novos filiados é exemplar, o que pode ser um diferencial - acredita Machado.
O fenômeno não se resume ao mais populoso estado brasileiro. No Rio de Janeiro, começou o movimento pela candidatura do rapper MV Bill, ícone nas comunidades carentes da capital. A candidatura é, na verdade, um factóide, mas pode se tornar real caso o músico se empolgue com os resultados da pesquisa feita em março pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS). Após sondar 1,1 mil pessoas no Estado, o levantamento revela que, para 64% dos entrevistados que o conhecem, MV Bill têm uma imagem ótima ou boa. Desse total, 27% o apoiariam para deputado federal. Candidato dos sonhos de qualquer legenda.
Com restrições cada vez maiores tanto das prefeituras, para evitar que as cidades se transformem em lixeiras de material de campanha, como dos tribunais eleitorais para a divulgação dos candidatos, como aconteceu no Rio e
"Com a imagem já construída, o artista ajuda a se eleger, e ainda tem a vantagem de não precisar de dinheiro público ou doações de fontes ilícitas. Isso o livra de compromissos que fujam ao padrão ético", afirma o cantor e vice-prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Frank Aguiar.
E nem a má fama dos políticos assusta quem não tem nada a provar, após se sagrar campeão nos campos ou ídolo nos palcos.
"Chegaram a me alertar sobre os riscos para a minha imagem, mas eu sei que não quero ser corrupto. Quero fazer da política um instrumento para melhorar a sociedade", defende Aguiar, que pretende voltar ao Congresso nas próximas eleições.
O jogador e empresário Marcelinho Carioca concorda com o agora correligionário Aguiar.
"Sabemos que o conceito de político está um pouco arranhado, mas quero ajudar a mudar essa imagem de que todo político é corrupto", diz Marcelinho, que acrescenta que a transição para a política não é uma aventura.
"Não saio de uma trajetória esportiva vencedora para me aventurar. Minha carreira está chegando ao fim e escolhi a política para contribuir com a nação, com projetos nas áreas social, de educação e cultura para jovens e adolescentes", afirma.
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