Especialista em artes marciais, Jackie Chan, de 55 anos, participava de um fórum do Partido Comunista Chinês, no sábado (18), na província chinesa de Hainan quando fez comentários sobre o que achava de o país ter uma sociedade mais livre, de viver sem o autoritarismo.
“Não tenho certeza se é bom ter liberdade ou não”, afirmou Chan. “Se você tem muita liberdade, você vai seguir o caminho de Hong Kong. É muito caótico. Taiwan também é caótica”, completou Jackie Chan, famoso por filmes como ‘Hora do Rush’.
“Estou começando a sentir que gradualmente nós chineses precisamos ser controlados. Se não estamos sendo controlados, nós vamos fazer apenas o nós queremos”, completou ele.
Legisladores de Taiwan, porém, criticaram os comentários do ator e já falam até em boicotar os filmes do ator.
Taiwan separou-se da China continental em 1949, no fim da guerra civil chinesa, quando o governo nacionalista chinês se refugiou na ilha após ser derrotado pelos comunistas.
“Ele insultou o povo chinês. O povo chinês não é um ‘animal de estimação’”, afirmou Leung Kwok-hung, legislador que defende a democracia. “A sociedade chinesa precisa de um sistema democrático para proteger os direitos humanos”, completou ele, em entrevista para a agência de notícias “Associated Press” (AP).
“Os comentários dele foram racistas. Pessoas por todo o mundo estão fazendo o melhor para seus países. Por que os chineses não podem fazer o mesmo”, disse outro legislador, Albert Ho, para a a “AP”.
“Ele mesmo se aproveita da liberdade e democracia e dos benefícios do capitalismo”, disse o legislador Huang Wei-che.
Censura
Ho disse que Chan chegou a ser um crítico do governo militar chinês, principalmente após o conflito em 1989. Mas o ator, porém, sempre foi bem visto pelo partido comunista e chegou a ser um dos convidados a carregar a tocha olímpica antes da Olimpíada de Pequim, em 2008.
Em fevereiro, Chan e a produtora disseram que o novo filme que protagoniza não será passado em território chinês.
O diretor Derek Yee, de Hong Kon, afirmou que pensou em aliviar a violência de "Shinjuki incident" para que pudesse passar nas leis de censura chinesas, mas preferiu não fazê-lo por acreditar que afetaria a integridade do filme.
Yee afirmou que o filme de US$ 25 milhões tem cenas que mostram personagens tendo as mãos cortadas e perfuradas com facas.
A China não tem um sistema de classificação etária, por isso todo filme é lançado para todas as idades. Os censores do país também se preocupam com assuntos que lidem com política, como Tibet ou a investida do exército contra manifestantes pró-democracia na praça de Tiananmen, em 1989.
O diretor contou que não se preocupou com a ambientação do filme no Japão - outro tópico sensível na China. "Para nós, o problema era só a violência", falou.
As relações entre China e Japão ainda são tensas por conta da ocupação brutal do Japão durante a Segunda Guerra Mundial. A produção hollywoodiana de 2005 "Memórias de uma gueixa" não foi lançada na China por que a imagem de atores chineses, Zhang Ziyi e Gong Li, retratando personagens japoneses seria considerada uma ofensa às plateias.