Após a surpreendente pesquisa do Instituto Paraná, que apontou JHC à frente com quase 7 pontos percentuais numa eleição com somente Renan e JHC como candidatos, um alerta foi aceso no grupo palaciano.

 

Mesmo com o bom governo que fez entre 2014 e 2022, Renan encontra-se atrás na pesquisa devido à apagada gestão que fez no comando do Ministério dos Transportes — e aqui faço referência ao marketing, campo que JHC domina muito bem.

 

É cediço que, em termos políticos, bons resultados não necessariamente resultam em popularidade. A popularidade de JHC consolidou-se no pleito municipal, quando derrotou Rafael Brito com mais de 80% dos votos válidos, um ex-secretário com grandes feitos pelo Governo do Estado — mas sem o carisma que o eleitor maceioense exige.

 

No entanto, vencer a eleição para ocupar a cadeira de governador não será o único desafio de JHC em 2026 — precisará fazer campanha em prol de aliados e novos nomes que desejarem compor a ALE. Caso vença o pleito vindouro, mas não consiga emplacar uma quantidade significativa de deputados — como o fez em movimento histórico emplacando mais de 10 vereadores de seu partido —, JHC terá dificuldades com a governabilidade de seu mandato.

 

Tudo indica que a eleição de 2026 será acirrada tal qual foi a de 2022 no cenário nacional, disputada dia após dia. No entanto, os eleitores em 2022 esqueceram-se do Congresso Nacional e focaram apenas na disputa presidencial, fato que trouxe dificuldades ao atual presidente, que é protagonista de novos embates diariamente com o legislativo federal. Se JHC não emplacar parlamentares, viverá a mesma experiência.

 

Vale lembrar que a ALE é composta por parlamentares que se opõem à Dantas, alguns explicitamente e outros de forma velada, em respeito ao poder que concentra Marcelo Victor, e entre estes opositores, alguns não são tão amigos, também, de JHC — e talvez prefiram 'o mal que já conhecem'.

 

Fora da disputa ideológica, JHC terá muito trabalho para escolher seus aliados e apadrinhar campanhas à ALE, ainda que seu caminho para o Governo do Estado esteja sendo pavimentado de vento em popa, para que sua governabilidade não seja ameaçada ou feita refém — do contrário, JHC terá sua "obra parada" nas mãos da ALE, e tudo dependerá, também, do sucessor de Marcelo Victor e do futuro da carreira política deste.

 

JHC terá que lutar a guerra em duas frentes, e precisará de sorte para não apostar nos cavalos errados na corrida à ALE, já que o marketing pessoal e votos são quase, em regra, intransferíveis — vide as eleições municipais, já que o PT de Lula não ocupa nem 5% das prefeituras no Brasil.

 

Quanto à Renan Filho, seu adversário natural, é importante destacar um aspecto importante da segunda guerra: Eisenhower tinha 156 mil homens para 8 pontos de invasão, mas dedicou força total à Normandia, ação conhecida como dia D, crucial para vencer a guerra.

 

Políticos costumam utilizar táticas de generais vitoriosos, e Renan não poderá fazer diferente, dedicando-se na capital e no interior do Estado — terá que 'fazer o dever de casa' garantindo seus eleitores em seus redutos, e construir a simpatia que Rafael Brito não tem em Maceió.

 

*Acadêmico em Direito