Entre janeiro e novembro já foram atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) 215 casos de violência contra a mulher em Alagoas, uma média de 20 casos por mês no ano de 2025, conforme levantamento das Centrais de Maceió e Arapiraca.

Nas ocorrências atendidas constam espancamentos, agressões com armas de fogo e armas brancas, além de episódios de feminicídio. Um desses episódios foi registrado nesta quarta-feira (10). Uma equipe da Unidade de Suporte Básico (USB) foi acionada para socorrer uma mulher de 48 anos, agredida com pedradas pelo marido no bairro do Benedito Bentes, em Maceió.

A vítima apresentava um ferimento na cabeça, com sangramento intenso, e uma lesão na perna esquerda. Ela foi estabilizada no local e conduzida ao Hospital Geral do Estado (HGE) para receber os cuidados médicos necessários.

“Cada vez mais nossas equipes se deparam com situações de extrema violência. Isso nos mobiliza não só do ponto de vista assistencial, mas humano”, relata a coordenadora-geral do Samu de Alagoas, Beatriz Santana.

“Nossos profissionais são treinados para identificar sinais de violência doméstica, mesmo quando a vítima omite ou minimiza o ocorrido. A linguagem corporal, o relato contraditório, o medo de nomear o agressor: tudo isso é sinal para acionarmos nosso protocolo de atenção integral”, continua.

A coordenadora afirma que, além do atendimento clínico, as vítimas são orientadas pela equipe sobre seus direitos. “Explicamos sobre a Lei Maria da Penha, a possibilidade de acionar a polícia, de obter medidas protetivas e buscar apoio na rede de atendimento à mulher. Muitas vezes esse primeiro contato com o Samu é a porta de entrada para a ruptura do ciclo da violência.”

Beatriz acrescenta que as vítimas ou comunicantes tentam justificar com frequência os ferimentos como acidentes. “Mas nossos profissionais têm sensibilidade e capacitação para reconhecer padrões de violência. A formação contínua e o olhar humanizado são essenciais.”

Feminicídio

No Brasil o quadro é alarmante. No ano de 2023 foram registrados 1.463 feminicídios, o maior número desde a criação da Lei nº 13.104/2015. As estimativas para 2024 apontam entre 1.450 e 1.459 casos, mantendo a média de quatro mulheres assassinadas por dia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país ocupa a quinta posição mundial em mortes violentas de mulheres.

“A Lei nº 14.994/2024, sancionada recentemente, aprimorou o combate ao feminicídio ao torná-lo um crime autônomo, com penas entre 20 e 40 anos, além de novos agravantes e medidas de proteção às vítimas”, informou a assessoria.

“A legislação avança, mas precisamos de prevenção efetiva, acolhimento contínuo e uma cultura que não normalize a violência”, conclui Beatriz.

*Com Ascom Samu