O Ministério do Planejamento e Orçamento confirmou nesta quarta-feira (10) que o salário mínimo será reajustado para R$ 1.621 a partir de janeiro de 2026, um aumento de R$ 103 sobre o piso atual. 

O reajuste, de 6,79%, será aplicado já nos salários pagos em fevereiro e combina a inflação acumulada em 12 meses até novembro e o ganho real permitido pela legislação.

A alta considera uma inflação de 4,4%, medida pelo INPC, e um crescimento real limitado a 2,5%, mesmo com o PIB de 2024 tendo avançado 3,4%. A limitação é resultado de uma lei aprovada no fim de 2023, que incluiu no arcabouço fiscal o teto de 2,5% para aumentos acima da inflação.

O novo piso salarial afeta diretamente quase 60 milhões de brasileiros, segundo o Dieese, entre trabalhadores que recebem o mínimo, aposentados, pensionistas e beneficiários de programas como o BPC. 

Como diversos benefícios e pagamentos oficiais não podem ficar abaixo do salário mínimo, o reajuste pressiona automaticamente as despesas públicas.

Estimativas do próprio governo apontam que cada real acrescido ao piso gera um gasto adicional de cerca de R$ 420 milhões no ano seguinte. 

Com o aumento de R$ 103, o impacto projetado para 2026 é de aproximadamente R$ 43,2 bilhões em despesas obrigatórias, reduzindo o espaço para investimentos e outras políticas discricionárias do governo federal.

O debate sobre os efeitos fiscais reacende discussões entre economistas que defendem a desvinculação dos benefícios previdenciários do salário mínimo, permitindo que essas correções sigam apenas a inflação. A proposta, segundo eles, ajudaria a conter o avanço da dívida pública e a pressão sobre os juros.

Em outra frente, o Dieese afirma que, apesar do reajuste, o valor do piso permanece muito distante do necessário para garantir condições de vida dignas. 

De acordo com a entidade, o salário mínimo capaz de sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter alcançado R$ 7.067,18 em novembro deste ano, mais de quatro vezes o valor atualmente em vigor.

 

*Com informações do g1

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