A Bienal do Livro de Alagoas deste ano se tornou também uma grande vitrine para a arte feita por mulheres. Com pinturas em tela espalhadas por todos os cantos, o espaço respira delicadeza e força. As obras retratam o ser feminino, suas vulnerabilidades e potências, e a conexão entre o empoderamento e a natureza.

No meio dos corredores repletos de literatura e cultura, Luana Lins, designer e ilustradora maceioense à frente da marca Lua Ilustra, tem encantado o público com um estande artesanal que é, ao mesmo tempo, galeria, refúgio e manifesto artístico.

“É a minha primeira vez expondo aqui na minha cidade. Já participei de feiras no Rio e em Recife, mas estar em Maceió é especial. É um misto de ansiedade e alegria em poder ver o público de perto, conversar com seguidores e encontrar pessoas que se identificam com a minha arte”, contou Luana.

Produtos variados

A artista — que também é professora de aquarela — valoriza o trabalho manual e o contato sensorial com o público. “A gente fura a bolha e vem pro público real. Tudo aqui é autoral, feito à mão, com aquarela tradicional. Também trouxe meu livro Toque de Água, que fala da conexão com a natureza e dos sentimentos reais”, explicou.

O estande oferece chaveiros, adesivos, canecas, quadros, bottons, xícaras e até pequenos objetos artísticos acompanhados de pincéis, todos pensados para estimular não só o olhar, mas o tato e a sensibilidade. “Não é só imagem ou desenho, é textura, é frase, é sentimento”, diz Luana, que usou tons terrosos e nudes para representar a ligação com a terra e a feminilidade.

Arte cotidiana e pertencimento

Outro destaque entre os estandes independentes é o da Amanda Ilustraa, marca de papelaria e decoração afetiva criada há seis anos pela artista Amanda, que trocou a faculdade de Arquitetura pela ilustração.

“Participo da Bienal pela segunda vez. É sempre um prazer estar em casa, mostrar o meu trabalho e ver o reconhecimento. A minha arte fala do cotidiano, das raízes nordestinas e da mulher. Quero que as pessoas se sintam representadas e acolhidas”, afirmou.

O estande reúne cadernos, cadernetas, velas aromáticas, bottons, chaveiros e copos decorativos, com mensagens e traços que remetem ao aconchego e ao empoderamento feminino.

“Estar aqui, como uma mulher preta, expondo e vendendo arte, é muito potente. Quero que outras mulheres se vejam em mim e nas minhas criações. A arte tem esse poder de inspirar e de fazer com que a gente se sinta capaz”, ressaltou Amanda.

A estudante de Psicologia Maria Luisa Filippini visitou o estande e se emocionou com a força da artista local: “É gratificante ver tantos artistas valorizados aqui. A arte dela me encantou pelos traços e pela sensibilidade com que fala da cidade, da mulher, das raízes. Eu também sou artista e amo aquarela. Comprei marca-páginas e bottons com borboletas, e a minha amiga comprou um com imagens de Maceió. É uma arte que acolhe”, contou.

Com propostas distintas, mas unidas pela sensibilidade, Luana Lins e Amanda Ilustraa mostram que a produção artística feminina em Alagoas vive um momento de expansão. Suas obras — delicadas, poéticas e profundamente humanas — transformam a Bienal em um espaço onde o papel, a tinta e o sentimento se misturam para contar histórias de pertencimento, identidade e amor pela arte.

Sobre a Bienal

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.

Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.