O corajoso depoimento da arquiteta Maria Gardênia Nascimento Santos, ex-secretária de ações prioritárias da prefeitura de Maceió – hoje ela está no IPHAN – tornou-se um forte argumento para a defensoria Pública Estadual na defesa dos moradores do Flexal.
Ela falou abertamente sobre a sua posição, hoje, em relação aos moradores daquela região, em reunião realizada em agosto último.
Inicialmente favorável à “requalificação” do bairro,´- em 2022 - ela afirmou que mudou de posição radicalmente, e enumerou as razões da mudança:
“1. O colapso da Mina 18, em dezembro de 2023, quando a própria Defesa Civil Municipal evacuou moradores do Flexal em ônibus, deixando-os em escolas, reconhecendo risco iminente”.
“2. O laudo técnico da Defensoria Pública do Estado, em 2025, que revelou falhas na metodologia da Defesa Civil Municipal, mostrando velocidades de subsidência superiores ao dobro do limite oficial; expondo variáveis que deveriam ter sido consideradas e não foram; além de não considerar que a movimentação já era sentida desde 2004”.
Ela conclui seu depoimento com rara coragem e determinação:
“Isso me levou a concluir que não se pode falar em requalificação de uma área que claramente apresenta risco. O medo dos moradores não é especulação: é embasado em dados científicos e em condutas oficiais”.
Ao fim e ao cabo afirma que “a requalificação é inviável diante do risco e do medo” e que “o isolamento econômico não tem solução dentro do modelo de revitalização adotado”.
Ela defende uma solução híbrida, em que a realocação seja definida pelos próprios moradores – ouvindo-os, portanto.
A ata da reunião faz parte das iniciativas na Justiça do defensor Ricardo Melro para dar dignidade e segurança aos moradores dos Flexais