Pequenos produtores rurais de Palmeira dos Índios denunciaram, nesta quinta-feira (2), que estão sendo intimidados pela atuação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) no processo de demarcação da Terra Indígena Xukuru-Kariri. Segundo eles, a entidade tem recorrido a matérias de jornais locais como suposta “prova” para justificar decisões judiciais e tentar avançar com a demarcação de terras que há décadas são ocupadas e produtivas.
O caso ganhou repercussão após a Funai supostamente utilizar reportagens do para alegar que famílias já tinham conhecimento da existência de processos de demarcação desde 2009. A estratégia da fundação, porém, é vista por advogados e representantes dos agricultores como uma distorção dos fatos, transformando publicações jornalísticas em argumentos jurídicos que colocam em risco o direito de propriedade de milhares de famílias.
Ameaça à produção e à segurança das famílias
O avanço da Funai gera insegurança para centenas de pessoas que dependem da terra para sobreviver. Os agricultores afirmam que a incerteza sobre a posse prejudica investimentos, reduz a produtividade e ameaça a economia local. Muitos relatam que, além de verem o futuro de suas famílias comprometido, estão sofrendo perseguições e intimidações.
“Essas terras sempre foram trabalhadas por nós, são nossa fonte de sustento. Agora querem deslegitimar anos de suor e esforço usando matérias de jornal como se fossem provas absolutas. Isso é um absurdo e coloca em risco não só nossas famílias, mas toda a cadeia produtiva da região”, desabafa um dos produtores, que prefere não se identificar.
Judicialização e clima de tensão
O processo já está na Justiça, e os agricultores contam com apoio jurídico para tentar barrar o avanço da demarcação. O advogado que representa as famílias argumenta que a utilização de matérias jornalísticas como comprovação de fatos fragiliza o processo e desrespeita direitos constitucionais, além de atacar violentamente o estatuto do idoso, já que muitos idosos estão doentes por conta das ameaças da Funai.
Enquanto isso, cresce o clima de tensão em Palmeira dos Índios. A imprensa, usada como instrumento de legitimação pela Funai, também tem sido palco de versões conflitantes e informações desencontradas, gerando ainda mais incertezas.
Produtores pedem respeito e diálogo
Os produtores rurais reforçam que não são contra os povos indígenas, mas não aceitam perder suas terras e sua fonte de sobrevivência por meio de um processo que consideram injusto e mal conduzido. Eles pedem que prevaleça o diálogo e que o governo federal ouça as famílias que estão sendo diretamente impactadas.
“Queremos paz e respeito. Não podemos ser tratados como invasores da nossa própria terra”, diz outro agricultor.
O caso segue em análise judicial, mas a sensação de insegurança cresce a cada novo movimento da Funai. Para os produtores, o que deveria ser um processo transparente e justo acabou se transformando em mais um capítulo de insegurança e ameaça para quem produz e sustenta a economia da região.
