A morte do menino Everton da Silva Santos, de apenas 5 anos, no Hospital Municipal Dr. Augusto Dias Cardoso, em Cajueiro, causou comoção e revolta na cidade, localizada na Zona da Mata de Alagoas. Na manhã desta sexta-feira (19), a Prefeitura de Cajueiro anunciou o afastamento da médica plantonista responsável pelos primeiros atendimentos e instaurou um processo interno para apurar responsabilidades.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, desde a primeira entrada da criança, em 15 de setembro, o hospital contava com equipe completa de plantonistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além de equipamentos para exames e suporte para transferências a unidades de referência.

No dia seguinte, diante do agravamento do quadro clínico, foram realizados todos os esforços possíveis, incluindo administração de medicações, intubação e manobras de reanimação, além da regulação imediata para transferência a Maceió. Ainda assim, Everton não resistiu e faleceu na terça-feira (16).

O laudo do Serviço de Verificação de Óbito apontou como causas da morte pneumonia, broncopneumonia, edema pulmonar, derrame pleural e insuficiência respiratória, sem sinais de meningite.

O caso ganhou repercussão após denúncia da família sobre possíveis falhas no atendimento. Segundo os pais, os sintomas começaram no domingo (14), com febre alta, dores de cabeça, dores abdominais e vômitos. 

Ele teria sido levado ao hospital três vezes em três dias, recebendo apenas medicamentos e soro, sem realização de exames complementares. Em um dos atendimentos, a médica teria atribuído a fraqueza da criança à “falta de alimentação”, mesmo com Everton vacinado e alimentado normalmente.

A morte do menino provocou protestos da comunidade durante o velório e o enterro, com moradores cobrando justiça e esclarecimentos sobre a conduta da equipe médica. O Conselho Tutelar acompanha a família e já coletou informações sobre os atendimentos. 

A Polícia Civil, por meio do 102º Distrito de Cajueiro, também abriu investigação para apurar as circunstâncias da morte, ouvir testemunhas e coletar provas.

Em nota, a Prefeitura reforçou seu compromisso com a transparência, a verdade e a construção de uma rede de saúde mais humana e acolhedora, repudiando qualquer conduta de mau atendimento ou desumanidade nas unidades de saúde.

A Prefeitura reforçou, em nota, seu compromisso com a transparência, a verdade e a construção de uma rede de saúde mais humana e acolhedora, repudiando qualquer conduta de mau atendimento ou desumanidade nas unidades de saúde.

Procurado pela reportagem, o Conselho Regional de Medicina de Alagoas (CREMAL) informou que, até o momento, não recebeu denúncias sobre o caso. A entidade reforça a importância de que a família registre a ocorrência o quanto antes.

Confira a nota completa na íntegra:

“A Prefeitura de Cajueiro, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, manifesta profundo pesar pelo falecimento do menino Everton da Silva Santos, de apenas 5 anos, ocorrido no último dia 16 de setembro, no Hospital Municipal Dr. Augusto Dias Cardoso. Neste momento de dor, nos solidarizamos com seus familiares e amigos, oferecendo todo o apoio e auxílio necessários.

Desde a primeira entrada da criança na unidade hospitalar, no dia 15 de setembro, o Hospital Municipal encontrava-se em pleno funcionamento, contando com equipe médica composta por plantonista, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além de dispor de equipamentos para realização de exames, administração de medicações e suporte com ambulâncias para transferências a unidades de referência, quando necessário.

No dia 16 de setembro, diante do agravamento do quadro clínico, foram realizados todos os esforços possíveis, incluindo o acionamento imediato da regulação para transferência a Maceió, administração de medicações, intubação e manobras de reanimação. Infelizmente, mesmo com todos os recursos disponíveis e a dedicação da equipe, não foi possível evitar o óbito.

O laudo do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) apontou como causa da morte pneumonia, broncopneumonia, edema pulmonar, derrame pleural e insuficiência respiratória, não sendo constatada meningite. Reforçamos que o Hospital Municipal dispõe de equipamentos e insumos necessários para o atendimento emergencial, como raio-x, eletrocardiograma e medicações.

Diante dos fatos, a Prefeitura determinou o afastamento da médica plantonista que realizou os primeiros atendimentos e instaurou processo interno para apurar responsabilidades, reafirmando seu compromisso com a verdade, a transparência e a justiça. Repudiamos veementemente qualquer ato de mau atendimento ou conduta desumana nas unidades de saúde.

A Prefeitura de Cajueiro e a Secretaria Municipal de Saúde permanecem à disposição para prestar esclarecimentos, reafirmando o compromisso com um atendimento digno, o direito à vida e a construção de uma rede de saúde cada vez mais humana e acolhedora.”