O corpo do multi-instrumentista alagoano Hermeto Pascoal está sendo velado, nesta segunda-feira (15), desde as 14h, na Areninha Cultural Hermeto Pascoal, na Praça Primeiro de Maio, em Bangu, na Zona Oeste do Rio.
O local fica perto do Jabour, onde o músico morou boa parte da vida. A cerimônia será aberta ao público e irá até as 21h.
Um dos maiores nomes da música brasileira, Hermeto morreu neste sábado (13), aos 89 anos, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. A informação foi divulgada nas redes sociais do músico. Segundo a publicação, Hermeto faleceu cercado pela família e por companheiros de música, enquanto seu grupo se apresentava no palco.
"Com serenidade e amor, comunicamos que Hermeto Pascoal fez sua passagem para o plano espiritual, cercado pela família e por companheiros de música", disse a família.
"No exato momento da passagem, seu Grupo estava no palco, como ele gostaria: fazendo som e música. Como ele sempre nos ensinou, não deixemos a tristeza tomar conta: escutemos o vento, o canto dos pássaros, o copo d’água, a cachoeira, a música universal segue viva... Quem desejar homenageá-lo, deixe soar uma nota no instrumento, na voz, na chaleira e ofereça ao universo. É assim que ele gostaria. Gratidão por todo carinho ao longo do caminho."
Hermeto, que é natural de Lagoa da Canoa, no Agreste alagoano, deixa seis filhos, 13 netos e dez bisnetos. Seu legado permanece como um dos mais ricos e originais da história da música brasileira.
Biografia

Nascido em Lagoa da Canoa, distrito de Arapiraca (AL), Hermeto foi um dos artistas mais inovadores da música brasileira.
Autodidata, ele começou a tocar acordeão aos 10 anos e ficou conhecido por criar sons com objetos inusitados, como panelas, garrafas, brinquedos e até animais. Sua obra, marcada pela improvisação e experimentação, ganhou o mundo e foi reconhecida por nomes como Miles Davis, que o chamou de “o músico mais impressionante do mundo”.
Hermeto nasceu em 22 de junho de 1936 e, por ser albino, não podia trabalhar na roça, o que o aproximou dos sons da natureza.
Ainda criança, começou a criar instrumentos com materiais improvisados e a tocar para os pássaros. Aos 14 anos, estreou com o irmão José Neto na Rádio Tamandaré, em Recife. Em seguida, passou por outras rádios e orquestras, como a Tabajara, na Paraíba, e a Rádio Mauá, no Rio de Janeiro.
Na década de 1960, Hermeto se mudou para São Paulo, onde formou grupos como o Sambrasa Trio e o Quarteto Novo, ao lado de Airto Moreira, Heraldo do Monte e Theo de Barros. Com o Quarteto, participou de festivais e acompanhou artistas como Edu Lobo e Marília Medalha.
Nos anos 1970, foi levado aos Estados Unidos por Airto e Flora Purim, onde gravou com Miles Davis e lançou álbuns como Slaves Mass. De volta ao Brasil, criou seu grupo fixo e gravou discos como A Música Livre de Hermeto Pascoal e Zabumbê-bum-á. Também participou de festivais internacionais, como Montreux (Suíça) e Live Under the Sky (Japão), e tocou com Elis Regina em apresentações memoráveis.
Hermeto foi três vezes vencedor do Grammy Latino e recebeu títulos de doutor honoris causa da Juilliard School (EUA), da Universidade Federal da Paraíba e da Universidade Federal de Alagoas. Em 2024, lançou o álbum 'Pra você, Ilza', em homenagem à sua companheira de vida, e foi tema da biografia Quebra tudo! – A arte livre de Hermeto Pascoal, escrita por Vitor Nuzzi.