O CM Cast lançou nesta sexta-feira (5) um novo episódio com a participação do cantor, intérprete, violonista e compositor paulistano Celso Viáfora, que realiza show hoje com o Clube do Jazz, no Café do Sobrado, na Pajuçara, em Maceió.

Durante a entrevista, conduzida pelos jornalistas Carlos Melo, diretor do Cada Minuto, e Ricardo Mota, o artista falou sobre o processo de criação de suas músicas e sobre a trajetória de 45 anos de carreira, com 10 discos lançados e parcerias com nomes de peso da música brasileira, como Guinga, Ivan Lins, Eduardo Gudin, Hermínio Bello de Carvalho e Vicente Barreto.

Sobre a canção “Não Vai Dar Certo”, Viáfora explicou que ela surgiu como um desabafo. “Foi tão ofegante que não consigo cantá-la sozinho”, disse, destacando que a letra aborda desde a forma como o mundo enxerga o Brasil até a maneira como o poder lida com questões sociais.

Segundo ele, a repercussão surpreendeu pela diversidade de públicos: “Foi engraçado, porque vinha tanto da direita quanto da esquerda. Isso é o que chamo de ‘furar a bolha’.”

O compositor também relembrou o impacto de “Eu Vou Ficar (Não Vou Sair)”, gravada por Nilson Chaves. A música estourou primeiro na Amazônia e depois se espalhou pelo Brasil, tornando-se um marco em sua carreira.

“Sempre quis ser um compositor popular, mas só consegui ser quando o Nilson gravou. Antes, eu me sentia como uma espinha de bumbum: só eu sabia que existia”, brincou.

Com relação ao mercado musical, o compositor foi direto ao falar das dificuldades enfrentadas pelos compositores na era do streaming. Ele revelou que o que já foi uma renda de dois mil reais por mês em direitos autorais hoje não passa de cem ou cento e cinquenta reais.

“Sem a venda de CDs e com a remuneração mínima do digital, o show virou o principal sustento. A indústria descobriu que nós, artistas, amamos o que fazemos. Então, eles ficam com o dinheiro e nos deixam o amor”, criticou.

A conversa também abordou sua incursão na literatura. O artista contou que, após um período sem compor, começou a escrever e lançou o romance “Amores Absurdos”, que ganhou uma trilha sonora própria.

“A literatura surgiu de forma intuitiva. De repente, eu estava compondo músicas para os personagens, e o livro acabou se tornando um romance com trilha sonora”, explicou. Ao todo, já publicou três obras e vê na escrita uma extensão natural de sua expressão artística.

Política e humanismo também entraram na pauta. Viáfora evita se enquadrar em rótulos ideológicos, mas foi firme ao defender valores essenciais. “Não sou de direita nem de esquerda, sou humanista. O problema é que, no Brasil, quando falamos em direita, quase sempre estamos falando de extrema direita. Isso é pesado demais”, avaliou.

Ao fim, o artista ressaltou que sua produção musical é guiada pelo afeto. “Tenho músicas que fazem as pessoas chorarem no estúdio. Mas, na maioria das vezes, é um choro de alegria. A música tem esse poder de emocionar e de curar”, afirmou.

Os episódios do CM Cast vão ao ar às segundas e quintas-feiras, a partir das 12h.