Claro que ninguém que seja razoavelmente informado sobre o que acontece no país há de ignorar o destino do ex-presidente Bolsonaro, no julgamento do STF.

Não é difícil imaginar que ele será condenado pela tentativa de golpe - muito além das cenas de vandalismo e extrema violência dos “malucos” (definição do próprio Bolsonaro), motivados pelos discursos de ódio e de negação da democracia, como sendo este o melhor caminho para qualquer país (incluindo o Brasil).

O ex-presidente não tem como negar que se ele tivesse intervindo, quando era tempo, os acontecimentos de 8 de janeiro de 2022 não teriam ocorrido.

A sua persistência em acusar o TSE e o STF de querer derrotá-lo haveria de ter consequências – e teve.

Bolsonaro, assim me parece, é um conhecedor intuitivo de psicologia de massas, sabendo que é explorando frustrações e desespero pode-se despertar o pior de todos os sentimentos na multidão.

E é nisso que, imagino, o julgamento tem de investir: precisa ser didático, relacionando causas e efeitos, o que não parece ser uma tarefa das mais difíceis.

Inclusive ressaltando a sua postura oficial durante a pandemia, sendo, por conta dela, responsável também por tantas mortes evitáveis. Isso não está em julgamento, é verdade, mas não pode ser excluído da sua biografia.

Nos votos dos ministros, e alguns são bastante qualificados, há de conter o arrazoado que explique o momento trágico vivido pelo país, na virada de governo, uma construção que começa lá atrás, “com um soldado e um cabo”, o suficiente para fechar o STF, nas palavras do trumpiano Eduardo MAGA Bolsonaro.

É tolo dizer a sentença é importante “para que isso nunca mais se repita”, mas ela pode servir para que os aventureiros e criminosos que quiserem repetir o que aconteceu saibam que também há consequências dentro da lei e da democracia para os que quiserem destruí-la em nome da “liberdade”.