Um dos principais fatores para a recuperação da imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é a melhora na percepção sobre a inflação dos alimentos. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (20), o percentual dos que acreditam que os preços subiram caiu de 76% para 60% em um mês.
Já 20% acham que os valores permaneceram estáveis e 18% acreditam que houve queda — mais que o dobro do registrado em julho (8%).
A percepção de perda do poder de compra em comparação a um ano atrás também diminuiu, de 80% para 70%. Quanto às expectativas para os próximos meses, que vinham caindo, agora estão divididas: 40% acreditam que a situação vai piorar, enquanto outros 40% esperam melhora.
Com isso, a diferença entre os brasileiros que aprovam (46%) e os que desaprovam (51%) o governo diminuiu pela metade em um mês, passando de dez para cinco pontos percentuais. É o maior índice de aprovação desde janeiro, quando chegou a 47%.
Na avaliação geral, 39% consideram o governo ruim ou péssimo, 31% o classificam como bom ou ótimo e 27% o veem como regular. Outros 3% não souberam ou preferiram não responder.
A recuperação foi puxada por grupos tradicionalmente próximos ao petismo, como mulheres, nordestinos e pessoas com renda de até dois salários mínimos. Entre as mulheres, a aprovação subiu dois pontos, alcançando 48%, praticamente empatada com a desaprovação (49%).
No Nordeste, o crescimento foi ainda mais expressivo: a aprovação avançou de 53% para 60% em um mês, abrindo 23 pontos de vantagem sobre a desaprovação. Nos dois estados analisados, a mudança foi significativa. Na Bahia, a aprovação saltou de 47% para 60%, enquanto a desaprovação caiu de 51% para 39%. Em Pernambuco, a aprovação passou de 49% para 62%, e a desaprovação recuou de 50% para 37%.
Entre os brasileiros com renda de até dois salários mínimos, a aprovação do governo subiu para 55%, superando a desaprovação (40%) e rompendo o empate técnico registrado em julho. Também houve melhora entre eleitores com menor escolaridade. Na faixa com até o Ensino Fundamental, a aprovação cresceu de 51% para 56%, enquanto a desaprovação caiu de 42% para 40%.
O avanço também foi registrado entre católicos (54% de aprovação) e beneficiários do Bolsa Família (60%), que ampliaram a diferença positiva em relação à desaprovação de 5 para 23 pontos em apenas um mês.
A pesquisa ainda comparou a atual gestão com a de Jair Bolsonaro (PL). Para 43% dos entrevistados, Lula governa melhor que o antecessor — em julho, eram 40%. Já os que avaliam o contrário caíram de 44% para 38%. Entre os eleitores sem identificação partidária, 37% consideram o atual governo melhor, 32% igual e 27% pior.
O levantamento ouviu 12.150 brasileiros com 16 anos ou mais entre os dias 13 e 17 de agosto, em oito estados que juntos concentram 66% do eleitorado nacional: Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.