O CM Cast, podcast que analisa os bastidores da política local e nacional, lançou nesta quinta-feira (24) um novo episódio. Na edição, os jornalistas Carlos Melo, diretor do Grupo CadaMinuto, e Ricardo Mota debateram os rumos da aliança entre o governador Paulo Dantas, o presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), Marcelo Victor, e os Calheiros — Renan pai e filho.

 

Logo de início, os jornalistas chamaram atenção para a ausência de Dantas e Marcelo Victor nas articulações do chamado acordão de Brasília, que selou uma aproximação entre Renan Calheiros, Renan Filho, JHC (PL) e Arthur Lira com vistas a 2026.

 

“Eles não participaram dessas negociações e foram contra desde o início”, lembrou Mota. Isso incluiu, segundo ele, a resistência à indicação da ministra Marluce Caldas ao STJ, nomeada com apoio direto dos Calheiros e do presidente Lula.

 

Apesar de a aliança entre os grupos ter se consolidado nas eleições de 2022, quando Paulo Dantas foi eleito governador com apoio dos Calheiros, os sinais de desgaste se multiplicam.

 

Mota ainda observa que, enquanto Renan Filho e Dantas ainda aparecem juntos em eventos públicos, Marcelo Victor — descrito como o “primeiro-ministro” de Alagoas por sua influência nos três poderes — tem se mantido ausente. “Você vê o governador, o ministro, o senador... mas não vê Marcelo Victor nesses encontros”, destacou o jornalista.

 

Os jornalistas ainda ressaltam no episódio que, para Dantas e Marcelo Victor, o combinado em 2022 precisa ser cumprido. Renan Filho seria o candidato ao governo estadual em 2026. “Eles querem que Renan seja o candidato com ou sem JHC”, afirmou Ricardo Mota, acrescentando que o grupo considera esse compromisso inegociável.

 

De acordo com Melo e Mota, embora nunca tenha dito que não será candidato, Renan Filho também não confirmou que deseja voltar ao Palácio República dos Palmares. “Ele já sinalizou que seu sonho é continuar em Brasília” disse Mota, especulando que o ex-governador pode mirar até a vice de uma chapa presidencial em 2026, caso Lula continue competitivo.

 

O poder de Marcelo Victor, como explicaram os jornalistas, vai além da articulação política: está institucionalizado. Já que controla a Assembleia Legislativa e influencia diretamente nomeações no Judiciário e no Tribunal de Contas do Estado (TCE). “Quem tem a AL, quem indica desembargador, quem mexe no TCE, manda”, resumiu Mota.

 

Para Ricardo Mota, ainda não há rompimento formal entre os grupos, mas o distanciamento é evidente. “Se os dois lados não cederem, o racha é só questão de tempo.” Enquanto Renan Filho hesita, o grupo de Marcelo Victor segue com capital político para tocar um projeto próprio.

 

Ao final do episódio, Carlos Melo provoca: “Qual a parte do bolo eles querem?” E Mota responde: “Querem continuar mandando. Com Renan ou com qualquer outro nome indicado por eles.”

 

Os episódios do CM Cast vão ao ar às segundas e quintas-feiras, sempre a partir das 12h.