Para aproximar a sociedade do cinema e debater a importância da preservação ambiental e dos povos originários, o projeto Interior Cena Brasil chega a Alagoas em agosto para exibir filmes nacionais de forma gratuita. A estreia será no dia 8 de agosto, em Marechal Deodoro, no Largo do Convento, às 20h, com a exibição do filme “Ainda estou aqui”, de Walter Salles.
Temas como água, energia, lixo, agrotóxicos, povos originários e florestas ganham espaço nas telas por meio de obras dirigidas por cineastas consagrados.
A proposta é apresentar produções que dialogam com a realidade ambiental do país, aproximando o público dessas reflexões em sessões ao ar livre, trazendo para o estado uma experiência inédita de exibição de longas metragens em alta definição em uma grande tela inflável de 10 metros por 6 metros.
Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2025, o longa “Ainda Estou Aqui”, estrelado por Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello marca o início das atividades do projeto na cidade histórica de Marechal Deodoro. Na abertura haverá ainda uma homenagem à advogada Eunice Paiva, em reconhecimento à sua luta pela demarcação de terras e defesa dos povos originários.
No sábado (09), a partir das 20h, na Praça do Trevo, em Atalaia, será exibido o longa Narradores de Javé, de Eliane Caffé, com José Dumont e Matheus Nachtergaele no elenco.
Na segunda-feira (11), Murici recebe a exibição do longa Saneamento Básico, de Jorge Furtado. A sessão acontece na Praça Eucene Tenório, às 20h, com entrada gratuita.
Após as sessões, o público será convidado a participar de um bate-papo com realizadores, críticos de cinema, ambientalistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas abordados nos filmes.
Ações nas escolas e oficinas ambientais
Além das exibições em praças, o projeto promove ações em escolas públicas de Maceió, com o objetivo de fomentar o debate ambiental e cultural entre jovens e adultos.
Nos dias 4 e 6 de agosto, serão realizadas sessões de curtas-metragens nas escolas Teresa de Jesus e Nosso Lar, em Maceió, para turmas do Ensino Fundamental I e II e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A ação inclui oficinas sobre meio ambiente e audiovisual, com o objetivo de estimular o pensamento crítico e a consciência ambiental entre os estudantes.
Realização e apoio
O projeto “Interior na Cena Brasil” foi idealizado pelo produtor e pesquisador Leonardo Conde, da VFC Produções. com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), com a produção local de Marola Produções Audiovisuais e conta com o apoio das prefeituras de Marechal Deodoro, Atalaia, Murici.
Sinopses dos filmes que serão exibidos
Ainda Estou Aqui – direção de Walter Salles. Vencedor do Oscar de Melhor Filme estrangeiro 2025, comFernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello.
Ainda Estou Aqui é uma adaptação cinematográfica do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, que narra a emocionante trajetória de sua mãe, Eunice Paiva, durante a ditadura militar no Brasil.
Ambientada em 1970, a história retrata como a vida de uma mulher casada com um importante político muda drasticamente após o desaparecimento dele, capturado pelo regime militar. Forçada a abandonar a rotina de dona de casa, Eunice (Fernanda Torres/Fernanda Montenegro) se transforma em uma ativista dos direitos humanos, lutando pela verdade sobre o paradeiro do marido e enfrentando as consequências brutais da repressão.
O filme explora não apenas o drama pessoal de Eunice, mas também o impacto do regime militar na vida de milhares de famílias brasileiras, destacando o papel das mulheres na resistência.
Com uma narrativa profunda e sensível, Ainda Estou Aqui traz à tona questões de perda, coragem e resiliência, enquanto revisita um dos períodos mais sombrios da história do Brasil.
A obra é um tributo à força de Eunice Paiva, que, contra todas as adversidades, se torna uma figura central na luta pelos direitos humanos no país.
Narradores de Javé - direção de Eliane Caffé, com José Dumont e Matheus Nachtergaele no elenco
A pequena cidade Javé será submersa pelas águas de uma represa. Seus moradores não serão indenizados e não foram sequer notificados porque não possuem registros nem documentos das terras. Inconformados, descobrem que o local poderia ser preservado se tivesse um patrimônio histórico de valor comprovado em "documento científico".
Decidem então escrever a história da cidade, mas poucos sabem ler e só um morador, o carteiro, sabe escrever. Depois disso, o que se vê é uma tremenda confusão, pois todos procuram Antônio Biá, o escrivão da obra de cunho histórico, para acrescentar algumas linhas e ter o seu nome citado.
Saneamento Básico – direção de Jorge Furtado
Os moradores de Linha Cristal, uma pequena vila de descendentes de colonos italianos localizada na serra gaúcha, reúnem-se para tomar providências a respeito da construção de uma fossa para o tratamento do esgoto. Eles elegem uma comissão, que é responsável por fazer o pedido junto à subprefeitura.
A secretária da prefeitura reconhece a necessidade da obra, mas informa que não terá verba para realizá-la até o final do ano. Entretanto, a prefeitura dispõe de quase R$ 10 mil para a produção de um vídeo. Este dinheiro foi dado pelo governo federal e, se não for usado, será devolvido em breve.
Surge então a ideia de usar a quantia para realizar a obra e rodar um vídeo sobre a própria obra, que teria o apoio da prefeitura. Porém a retirada da quantia depende da apresentação de um roteiro e de um projeto de vídeo, além de haver a exigência que ele seja de ficção. Desta forma os moradores se reúnem para elaborar um filme, que seria estrelado por um mostro que vive nas obras de construção de uma fossa.