A sutileza e o detalhismo impressos no trabalho do artista palmeirense Lucas Yguaratã alcançaram reconhecimento internacional na 25ª edição da Fenearte. Conhecida como “a feira das feiras”, a atividade que ocorre todos os anos no Centro de Convenções de Pernambuco (Cecon-PE) aconteceu entre os dias 9 e 20 de julho em Olinda e contou com a presença de mais de 5 mil expositores nacionais e internacionais, entre eles, Lucas, cuja obra “A Benzedeira” foi exposta no Salão Ana Holanda, uma área dedicada às 70 peças mais expressivas da Feira neste ano de 2025.

Aos 37 anos, o artesão, que é descendente da etnia Xukuru-Kariri, explica que levou uma semana para criar a obra e que foi inspirado pelas memórias de infância – mais precisamente de quando era levado pela avó a uma benzedeira, no bairro da Maçonaria, situado em Palmeira dos Índios, onde cresceu. O artista esclareceu que esta forte lembrança é permeada pelo afeto e o cuidado que as matriarcas de sua família sempre tiveram com ele. “A minha outra avó também era benzedeira e ambas ocupam um espaço muito importante da minha vida, além de minha mãe, que também era artesã e cujo trabalho me inspira até hoje”, disse.

Lucas conta que aos 7 anos de idade já havia começado a produzir arte. “A princípio eu fazia de tudo, mas com o passar do tempo passei a me dedicar à cerâmica e isso foi para especializar o meu trabalho”, disse o artista, que já vendeu obras de arte para vários estados do Brasil.

A persistência, o sonho da Fenearte e o reconhecimento alcançado

Nascido e criado em Palmeira dos Índios, o artesão conta que desde pequeno possui o sonho de “viver da arte”, graças à influência da mãe, que sempre se dedicou às expressões artísticas e transformou o talento em sustento para sua família. “Ainda menino eu ajudava minha mãe com os artesanatos e sinto que estar aqui hoje também é uma forma de homenageá-la”, disse.

Ele explicou que a primeira vez que esteve na Fenearte foi em 2019, até então, apenas para prestigiar o trabalho de outros profissionais, mas que a visita foi o suficiente para alimentar a esperança de expor. “Apenas em 2024 eu consegui expor o meu trabalho, mas não foi no Salão Ana Holanda; mesmo assim fiquei muito feliz”, disse.

O artista aclarou que ter uma peça exposta nesta seção da “Feira das feiras” é ainda mais representativo, porque o espaço é dedicado apenas às obras de arte com mais expressividade da edição. “Previamente, é aberto um edital que especifica critérios para a obra, que deve ser inédita. Daí, as peças são avaliadas por curadores, que são pessoas especializadas na análise crítica de arte. Estar neste salão já é uma vitória pra mim”, esclareceu ele.

Desenvolvimento econômico: Palmeira dos Índios inserida na cena artística internacional

Diante de todo o significado da Fenearte dentro da cena cultural internacional, a Prefeitura de Palmeira dos Índios entendeu como urgente o apoio à participação não somente de Lucas no evento, mas também de outros dez artistas, que integraram uma equipe técnica liderada pelo secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Turismo Julio Cesar Permínio .

 

De acordo com a coordenadora geral do Programa de Artesanato Brasileiro (PAB) no Ministério do Empreendedorismo, da ME e da EPP, Daniela Vasconcelos, a participação de artesãos na feira possibilita a formação de novas conexões e é fundamental para o desenvolvimento do artesanato local nos municípios. ” Alagoas tem uma longa tradição em participar da Fenearte e, com certeza, a participação neste evento é de grande relevância para os artistas que têm esta oportunidade, pois possibilita a interação com potenciais compradores de suas obras e a divulgação de seus trabalhos”, explicou.

Crédito da Foto: Anielle Novais Secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo Julio Cesar Permínio, artista Lucas Yguaratã e equipe técnica composta por artesãos de Palmeira dos Índios

No sábado (19), o grupo embarcou rumo à Feira com a missão de fomentar novas ideias para o desenvolvimento da cena artística em Palmeira dos Índios. “Estreitar os laços entre o que é produzido em Palmeira e o que está sendo criado em outros países é fundamental para que possamos investir cada vez mais na nossa arte e nos nossos artistas”, declarou o secretário.

É válido lembrar que Palmeira dos Índios se destaca na cena turística de Alagoas principalmente por causa de seu potencial no turismo religioso e conta com importantes eventos no calendário religioso nacional, como a Paixão de Cristo encenada no alto do Cristo Redentor do Goiti, a Via Sacra, as “Missões de Frei Damião” e diversos outros momentos de celebração. “A obra ‘A Benzedeira’, do Lucas, também é uma forma de levar um pouco da nossa tradição religiosa aos participantes da Fenearte e despertar o interesse das pessoas em visitar Palmeira, além de potencializar as chances de nossos artistas divulgarem seus trabalhos”, complementou.

Conheça mais sobre a Fenearte

A Fenearte — Feira Nacional de Negócios do Artesanato é relizada todos os anos pelo Governo de Pernambuco, por meio da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, responsável por executar no Estado o PAPE — Programa do Artesanato de Pernambuco.