A instalação de uma tornozeleira eletrônica no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) indicam que a condenação dele, no processo no qual ele é acusado de coordenar/organizar a tentativa de golpe em 08 de janeiro de 2023, está cada vez mais próxima. É o que afirma a cientista política Luciana Santana.

Em entrevista ao CadaMinuto, Luciana avaliou a situação do ex-presidente como extremamente delicada e disse que a carta de Donald Trump reforça que a retaliação dos EUA tem motivações políticas e o intuito de interferir no processo de Bolsonaro no Supremo, o que ela define como algo grave.

 “ Jair Bolsonaro está numa situação extremamente delicada. E a carta que foi endereçada por Donald Trump tanto ao presidente Lula, quanto ao próprio Bolsonaro, reforça que a retaliação que os EUA vem fazendo contra o Brasil tem a motivações políticas e é uma forma, também, de que os Estados Unidos interfiram neste processo em que o Bolsonaro está envolvido. O que a meu ver é algo grave, do ponto de vista de soberania dos países, isso não poderia de forma nenhuma estar acontecendo”, disse.

Para a cientista política, todas as falas, retaliações, sansões que o presidente americano e o seu governo têm adotado não são plausíveis e deram margem para que houvesse “cautela” por parte da Justiça brasileira, no intuito de evitar novas interferências. “A meu ver, a Justiça está agindo como agiria com qualquer outro que também tivesse lidando dessa maneira com as instituições políticas brasileiras, principalmente a instituição Judiciário”, completou. 

Luciana Santana / Foto: Arquivo - Cada Minuto

 

Luciana Santana conclui que, pelo andar do processo, há indicativos de que Bolsonaro deve ser condenado.

“O processo ainda está em tramite, mas todos os indícios já seguem na direção de que ele, possivelmente, vai ser condenado. Então, esses fatos apenas aceleraram um pouco dessa resposta institucional para Jair Bolsonaro. Infelizmente, houve aí um aumento dessa tensão, mas é algo que, enfim, precisa ser acomodado, tanto pela sociedade, quanto pelas próprias instituições. São respostas institucionais que precisam ser dadas”, conclui.