O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta sexta-feira (18), o cancelamento dos vistos de mais sete magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF), além da revogação do documento do ministro Alexandre de Moraes. A medida aumenta a tensão diplomática entre os dois países em meio à crescente pressão internacional sobre as decisões do STF relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o uso de uma tornozeleira eletrônica e o mandado de busca e apreensão em sua casa.
O cancelamento dos vistos se estende a familiares dos ministros do STF. Na lista estão Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes, o decano da Corte. A justificativa formal para anular os vistos, segundo divulgado pela Casa Branca, foi que as pessoas atingidas se enquadram em situação que "possivelmente teria consequências adversas e graves para a política externa dos EUA".
Apenas três ministros não tiveram seus vistos revogados, sendo eles: André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux. Os dois primeiros foram nomeados por Bolsonaro para o Supremo Tribunal Federal. Já Fux tem questionado os votos e as penas dos acusados do ataque de 8 de janeiro de 2023 à sede dos Três Poderes, em Brasília.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou a decisão na sexta-feira, nas redes sociais. Ele justificou a ação afirmando que Moraes estaria promovendo uma "caça às bruxas política" contra Bolsonaro, que, segundo o secretário, viola direitos fundamentais dos brasileiros e ultrapassa as fronteiras do país, atingindo também interesses dos Estados Unidos.
O grupo dos sete ministros com seus passaportes revogados, além de Moraes, tem sido acusados por apoiadores políticos de Bolsonaro de tomar decisões contra o ex-presidente do país. Desses magistrados, apenas Gilmar Mendes não foi nomeado por uma gestão do PT, tendo sido escolhido por Fernando Henrique Cardoso. Já Alexandre de Moraes foi indicado por Michel Temer.