A Polícia Civil de Alagoas concedeu entrevista coletiva no início da tarde desta quinta-feira (17), na Delegacia-Geral, em Jacarecica, para apresentar os resultados da investigação sobre o caso de Josivaldo dos Santos, motorista de aplicativo encontrado com o corpo queimado no último sábado (12), no bairro Benedito Bentes, em Maceió.
Participaram da coletiva o delegado-geral Gustavo Xavier, o diretor da Dracco, delegado Igor Diego, e o delegado da Seção Antissequestro, João Marcelo.
De acordo com as autoridades, em entrevista à TV Pajuçara, Josivaldo forjou um crime com o objetivo de receber a indenização do seguro do veículo. O caso, inicialmente tratado como um sequestro seguido de tentativa de homicídio, gerou grande comoção nas redes sociais, especialmente entre motoristas de aplicativo. No entanto, as investigações revelaram que foi o próprio Josivaldo quem ateou fogo no carro e acabou se ferindo durante a ação.
Segundo o delegado João Marcelo, desde o início havia contradições no depoimento da suposta vítima. Ele omitiu, por exemplo, que havia parado em um posto de combustíveis antes de ir para o local onde alegava ter sido abordado. Imagens de câmeras de segurança confirmaram que ele comprou gasolina e seguiu sozinho para uma área de canavial, onde incendiou o veículo.
“O carro atolou, ele desceu, despejou gasolina por todo o interior e ateou fogo. As chamas se voltaram contra ele e causaram queimaduras em diversas partes do corpo, como rosto, braços e pernas”, detalhou o delegado.
Josivaldo admitiu que passava por uma grave crise financeira. O veículo que utilizava estava com ordem de busca e apreensão por inadimplência nas parcelas, ele acumulava dívidas bancárias e seu nome estava negativado. Diante dessa situação, decidiu simular o roubo do carro para acionar o seguro e receber o valor correspondente à tabela Fipe.
Durante a coletiva, o delegado Igor Diego explicou que a narrativa montada por Josivaldo envolvia uma falsa abordagem criminosa, onde ele teria sido vendado, levado para um local isolado e incendiado. Contudo, nenhum elemento dessa versão foi confirmado pela investigação.
O motorista será indiciado pelos crimes de estelionato, comunicação falsa de crime e falsidade ideológica, que juntos podem somar pena de até 10 anos.
O inquérito policial será encaminhado ao Poder Judiciário e ao Ministério Público para dar continuidade à Ação Penal. A PC também notificará oficialmente a seguradora sobre o resultado da investigação, a fim de evitar o pagamento indevido da indenização.
Foto de capa: Ascom/PC/AL