No coração do Centro de Maceió, onde o passado encontra o presente entre janelas azuis e portas de madeira colonial, a Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos comemora, nesta quarta-feira (26), 160 anos de existência. Criada em 1865, a mais antiga biblioteca pública de Alagoas reafirma seu papel como guardiã da memória, promotora da leitura e agente de transformação social.
Instalada no histórico Palacete Barão de Jaraguá, a biblioteca é um equipamento do Governo de Alagoas, administrado pela Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa. O espaço conta com mais de 75 mil obras e uma intensa programação cultural, que vai de contação de histórias a exposições de arte, passando por ações de acessibilidade e inclusão digital.
Para a secretária de Cultura, Mellina Freitas, a data marca uma trajetória de resistência e renovação.“Celebrar os 160 anos da nossa Biblioteca Pública é reverenciar a cultura alagoana e, ao mesmo tempo, projetar o futuro. A cada visita, a cada livro emprestado, estamos promovendo inclusão, estimulando sonhos e formando leitores que transformarão o nosso estado”, afirmou.

Mais do que um espaço de leitura, a biblioteca se transformou em ponto de encontro e aprendizado para diferentes gerações. Sob a coordenação da supervisora Mira Dantas, o local tem investido na ampliação de atividades educativas. “A Biblioteca é viva. Ela se renova com cada visitante, cada criança encantada com os contos, cada estudante em busca de conhecimento”, ressaltou.
O Memorial Graciliano Ramos, que homenageia o autor de Vidas Secas, compõe o espaço ao lado de uma sala de periódicos, exposições artísticas, área geek e acervo de obras raras — como a edição de 1778 do livro “Da Asia”. O prédio, com três andares e 54 salas, guarda ainda a memória de quando recebeu a comitiva de Dom Pedro II, no século XIX.
Referência também para bibliotecas do interior do estado, a Graciliano Ramos recebe mais de mil visitantes por mês. Segundo o secretário executivo de Políticas Culturais e Economia Criativa, Milton Muniz, seu sucesso é reflexo do compromisso do Estado com a democratização do saber. “A Biblioteca é um símbolo de cidadania. Aqui, cada pessoa, independentemente da origem ou condição, encontra acesso ao conhecimento e oportunidade de transformação”, destacou.

Para quem frequenta o local, como a estudante Bruna Lima, de 22 anos, o espaço é mais que um centro de estudos:“A Biblioteca virou meu refúgio. Venho estudar todos os dias. É silenciosa, organizada e tem um clima que inspira. Aqui me sinto mais perto dos meus objetivos.”
Já o aposentado Joaquim Alves, de 68 anos, transformou o hábito de visitar a biblioteca em rotina.“Depois que me aposentei, descobri esse lugar. Hoje venho quase todo dia. Às vezes leio, às vezes só converso. Aqui é um lugar de paz e de troca.”
Com quase três séculos de história arquitetônica, a Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos segue firme em sua missão: garantir que o livro — seja em papel, áudio, braile ou tela — continue sendo um convite aberto ao mundo.
*Com Ascom Secult