No Dia do Trabalhador, Roberto Martins, presidente do Sindicato dos Servidores do DETRAN de Alagoas (SINSDAL) fala sobre as lutas, conquistas e desafios da categoria.

Em entrevista, ele destaca a importância da mobilização para garantir direitos, a necessidade urgente de concurso público e o papel fundamental dos servidores no fortalecimento do órgão.

Confira a seguir:

 

Qual é o significado do 1º de Maio para o senhor e para os servidores do Detran/AL?

O Primeiro de Maio, mais que uma data comemorativa, é para nós, servidores do DETRAN-AL, um dia de luta em defesa dos serviços públicos de qualidade. Consideramos essa luta essencial como estratégia de combate à desigualdade social e de promoção do desenvolvimento econômico do Estado de Alagoas.

 

Como o sindicato tem trabalhado para valorizar os direitos dos servidores ao longo dos últimos anos?

No início deste século, o SINSDAL protagonizou algumas das mais importantes greves da história recente do movimento sindical alagoano. Essas paralisações resultaram em melhorias na infraestrutura tecnológica, predial e na ampliação dos serviços oferecidos pelo DETRAN-AL à sociedade. Além disso, conseguimos a implantação de um Plano de Cargos e Carreiras para os servidores. Apesar desses avanços, após 20 anos, ele precisa ser urgentemente reformulado.

 

Quais conquistas recentes o sindicato obteve em benefício da categoria?

Tivemos diversas conquistas nas últimas duas décadas. Destaco a aquisição de um dos sistemas de programação mais robustos entre os DETRANs do país e a construção da atual sede do DETRAN-AL — a mais moderna e confortável estrutura funcional do Estado —, fruto de uma greve de 44 dias durante o governo Téo Vilela, que reprimiu duramente os trabalhadores e perseguiu dirigentes sindicais. Ainda nesse período, o SINSDAL criou uma rede de proteção social para os associados, oferecendo plano de saúde e seguro de vida, além da recente aquisição da sede sindical própria em 2024, patrimônio dos servidores filiados.

 

Há alguma pauta de reivindicação ativa atualmente junto ao governo do estado?

Sim. Além das pautas nacionais, como a luta pelo fim da escala 6x1 e pela isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil, em Alagoas defendemos o cumprimento da data-base dos servidores estaduais, com reposição inflacionária e garantia de ganho real para todos. Também exigimos a realização de concurso público para suprir mais de 180 cargos vagos no DETRAN-AL, uma demanda que já dura 25 anos.

 

Quais são os principais desafios enfrentados pelos servidores do Detran hoje?

O principal desafio é a sobrecarga de trabalho, provocada pela falta de servidores, especialmente nas bancas examinadoras de condutores, na vistoria veicular e nas CIRETRANs do interior. Estamos atentos porque, historicamente, a solução fácil adotada por governos é a terceirização ou privatização dos serviços, o que encarece para a sociedade e não garante qualidade, como vimos nas privatizações da CASAL e da ELETROBRÁS em Alagoas.

 

Existe alguma demanda antiga da categoria que ainda precisa ser atendida?

Além do concurso público, temos pendências no nosso Plano de Cargos, Carreiras e Salários. Por exemplo, somos a única categoria da segurança pública que possui apenas três níveis de ascensão na carreira, enquanto todas as outras possuem quatro. Essa diferença precisa ser corrigida por uma questão de justiça.

 

Como o sindicato tem lidado com questões como sobrecarga de trabalho, segurança nas unidades e defasagem salarial?

Quando Paulo Dantas assumiu o governo, ele recebeu o SINSDAL no Palácio, em um gesto de diálogo democrático. Foram feitos acordos, como avanços pontuais no plano de carreiras e a promessa de não privatização dos serviços do DETRAN-AL. Também foram autorizados investimentos em modernização e o compromisso de realizar concurso público até o fim do governo. Contudo, sabemos que o governo agrega forças políticas divergentes: enquanto setores defendem o atendimento das nossas pautas, outros preferem criar crises para justificar retrocessos. O SINSDAL permanece em vigilância.

 

O senhor acredita que os servidores do Detran são valorizados como deveriam ser? Por quê?

Apesar de a relação com o atual governo ser republicana, não fomos devidamente reconhecidos. A previsão é que a receita do DETRAN-AL, em 2026, supere R$ 480 milhões — três vezes mais do que em 2022. Esse crescimento foi fruto direto da atuação dos servidores, que cobraram o registro dos contratos de financiamento veicular e o alinhamento das taxas com o restante do país. Portanto, é hora de sermos reconhecidos com o anúncio do concurso público e a correção das distorções salariais.

 

Quais ações o sindicato pretende desenvolver este ano para promover a valorização dos profissionais?

A partir deste Primeiro de Maio, vamos retomar a mobilização na capital e no interior. Esperamos que o governo tenha bom senso para atender nossas pautas já conhecidas. Se não houver avanços, a partir de junho poderão ocorrer paralisações de advertência, o que queremos evitar, pois seria prejudicial para todos: servidores, governo e a sociedade alagoana.

 

O sindicato vai promover alguma atividade específica em comemoração ao Dia do Trabalhador?

Sim. O SINSDAL participará de uma atividade coletiva organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), reunindo diversos movimentos sociais do campo e da cidade. A concentração será às 9h na Praia de Pajuçara, em Maceió, seguida de uma marcha pela orla e um ato público no encerramento.

 

Qual mensagem o senhor gostaria de deixar para os servidores do Detran nesse 1º de Maio?

Gostaria de dizer que, diante da conjuntura de perdas de direitos, precisamos estar unidos para resistir. Um palito só se quebra facilmente, mas cem palitos juntos são mais difíceis de quebrar.