Um relatório recente do Instituto Sou da Paz revelou que Alagoas está entre os estados com as maiores taxas de homicídios femininos cometidos com arma de fogo no Brasil. O estudo “Pela Vida das Mulheres: O Papel da Arma de Fogo na Violência de Gênero” destaca a realidade alarmante da violência letal contra mulheres no estado.
Os dados de 2023 indicam que Alagoas apresenta uma das mais altas taxas de homicídios de mulheres no país, com uma preocupação particular em relação à vitimização de mulheres negras.
O estudo aponta que, no estado, a taxa de homicídios de mulheres negras chega a ser até 19 vezes maior do que a de mulheres não negras. Esse cenário reflete não apenas o impacto da violência armada, mas também a interseccionalidade do racismo estrutural na violência de gênero.
Assim como em outras partes do Nordeste, Alagoas se destaca pelo elevado número de homicídios femininos envolvendo armas de fogo. De acordo com o relatório, 65% dos assassinatos de mulheres no estado foram cometidos com esse tipo de armamento.
Violência dentro e fora de casa
O estudo também revela que, enquanto em algumas regiões do país a residência é o local predominante dos crimes, no Nordeste a violência armada contra mulheres ocorre majoritariamente nas ruas. Esse dado sugere uma intersecção entre as dinâmicas do crime organizado e a violência de gênero, o que torna a segurança das mulheres ainda mais vulnerável.
Outro dado importante do relatório mostra que as notificações de violência armada contra mulheres aumentaram 23% no Brasil no último ano. Isso reflete uma maior visibilidade da violência, além de uma possível melhora nas denúncias desses crimes.
No entanto, em estados como Alagoas, onde a taxa de letalidade permanece uma das mais altas, especialistas alertam para a urgência de ações concretas, como o fortalecimento de redes de proteção, melhorias no acesso à justiça para as vítimas e a implementação de políticas de desarmamento mais eficazes.