Ele é um verdadeiro alagoano, mestre em uma técnica manual que requer destreza com as mãos, semelhante à arte de tecer redes de pesca. Esta habilidade artesanal, que envolve a delicada tecelagem de fios de algodão, está sendo ensinada na Escola Municipal Silvestre Péricles, localizada no bairro Pontal da Barra.

O projeto Tecendo Redes começou em 2018, inicialmente como parte do programa de Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai) da rede pública municipal. No começo, era chamado de Pontal Empreende, mas evoluiu para Tecendo Redes e Saberes, uma iniciativa que busca conectar a escola com a comunidade.

Atualmente, em sua terceira edição, com o tema "A Sala Maker da Criatividade e Empreendedorismo", o projeto envolve estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. O objetivo é preservar e promover o patrimônio cultural do bordado filé, estimulando a produção de redes e gerando renda para a comunidade.

A Associação dos Artesãos do Pontal da Barra é parceira do projeto, fornecendo materiais e orientadores para as oficinas de tecelagem na escola.

Segundo Dilson Costa, professor e idealizador do projeto, o principal objetivo é manter viva a tradição do filé, um patrimônio cultural de Alagoas. Ele destaca que a proposta visa fortalecer e preservar a cultura local, com a criação da primeira Sala Maker na escola municipal e a participação ativa da comunidade.

Por outro lado, o professor afirma está cada vez mais diminuindo os mestres e os artesões que fazem o filé e as crianças e adolescentes já não querem mais participar por não ter interesse. “Diante dessa situação, a gente está resgatando essa tradição por meio da escola e da parceria com a associação trazendo os meninos para vivenciar essa cultura. Eles aprendem a produzir uma rede, por exemplo. A rede é aquela que faz a base para depois, em cima dela, fazer o bordado filé”, diz.

As oficinas são realizadas das 8h30 às 10h30, nas terças e quartas-feiras. Segundo o professor, um espaço foi reservado e está sendo preparada para transformar na sala maker, que é um tipo de sala especial para realizar as oficinas.

Um dos estudantes que se destacou na produção da rede de 50 cm por 50 cm foi o Pedro Henrique, aluno do 8º ano do Ensino Fundamental. Pedro é neto da Maria Aparecida dos Santos conhecida na região como Cianinha. Sua avó foi aluna da Ejai e continua inspirando o aprendiz.

Incentivado pela avó, Pedro relata que quer aprender muito mais para poder ensinar aos outros colegas. “Está sendo uma experiência muito boa de poder estar participando desse projeto. Antes, eu não conseguia fazer nada, eu já aprendi um pouco da rede e também com a ajuda da minha avó, consegui aprender bastante e aí já consegui fazer duas redes. Pra mim está sendo uma rede de saberes”, afirma.

 

Reconectar gerações

Dilson Costa explica que a proposta é promover essa conexão entre os mais novos e os mais velhos no sentido de manter viva a cultura. Para ele, reconectar gerações tem tudo a ver com a proposta do projeto, que é ter o apoio da família, como o Pedro tem de sua avó, o que segundo ele contribuiu significativamente para ele ser um dos primeiros alunos a concluir o produto.

“Pedro, por exemplo, conta muito com o incentivo de sua avó, que inclusive foi estudante da Ejai. Ela borda, faz o filé, também faz a rede. Então, ele foi um dos primeiros alunos a concluir, pois teve o apoio e o acompanhamento da sua avó. E isso é fantástico, revela Dilson.

Outra aluna participante do projeto tem chamado atenção, Anna Maria da Silva, estudante do 7⁰ ano do Ensino Fundamental. Ela segue em ritmo acelerado para concluir a fabricação da rede. “A sensação é de alegria, porque já estou sabendo fazer”, conclui a menina bastante empenhada em aprender.

 

*Com Ascom Semed