Em todo o país, as autoridades sanitárias registram um aumento alarmante no número de infecções, colocando em risco a saúde pública e exigindo medidas urgentes de combate ao mosquito Aedes aegypti.
Na capital alagoana não é diferente, em apenas uma semana, Maceió registrou mais de 61 casos de Dengue, segundo dados atualizados da 20ª Semana Epidemiológica, que foram divulgados na segunda-feira (20), pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Ainda segundo o levantamento, até o momento, foi registrado um óbito em decorrência da doença.
O levantamento revela que o número de casos confirmados de dengue na capital subiu de 2.017 para 2.078, o que corresponde ao aumento de 3% em apenas uma semana. O número de casos prováveis também subiu um percentual de 3%, passando de 2.164 para 2.229.
Em relação a chikungunya, 127 casos confirmados foram confirmados e nenhuma morte. No caso da zika, Maceió teve 15 confirmações em 2024.
Veja bairros com maior incidência da doença
Os bairros com maior incidência de dengue na capital alagoana — até a 20ª Semana Epidemiológica — estão localizados no 6º Distrito Sanitário, com destaque para: Pontal da Barra (533,74/100 mil hab.), Pajuçara (472.19 casos /100mil hab.) e Benedito Bentes (434,03/100 mil hab.).
“Características favoráveis à proliferação do mosquito”
Ao CadaMinuto, a médica veterinária e gerente do Controle de Vetores da SMS, Carmem Samico, destaca que um dos fatores que contribuem para o aumento dos casos de dengue na capital são as mudanças climáticas.
“É certo que essas alterações no clima favorecem a proliferação dos mosquitos e, com isso, a transmissão”, diz.
Carmem também explica por que o bairro do Pontal da Barra apresenta maior incidência de casos. De acordo com a especialista, o bairro tem características favoráveis à proliferação do mosquito.
“O Pontal tem várias situações com relação a embarcações, na marina e na lagoa. A gente tem terrenos por trás da marina que juntam água e que são criadouros para o mosquito, levando a uma proliferação intensa”, pontua.
Como é feito o monitoramento dos casos?
A especialista ressalta que o monitoramento dos casos de dengue é feito a partir da notificação no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
“As unidades de saúde que fazem atendimento desses pacientes têm a suspeita e notificam através da ficha no sistema”, informa.
Segundo ela, o monitoramento pode ser realizado também por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), tanto estadual quanto municipal, que comunica os casos à secretaria quando pessoas com suspeitas são internadas em unidades hospitalares.
A gerente salienta que é a partir dessas notificações que é feito o controle dos vetores (mosquito). “Vamos visitar os imóveis em torno dessa casa que teve um caso positivo”.
Ações desenvolvidas
A gerente informou ainda que a SMS vem desenvolvendo ações educativas, como a edição do Massa Unida contra a Dengue. “Todas as secretarias se envolveram na divulgação da questão do controle do Aedes aegipty”.
Ela acrescentou que também vêm sendo implementadas ações nos bairros afetados, com visitas domiciliares e visitas em pontos estratégicos, como cemitérios, ferros velhos e galpões de lixo reciclável.
“A gente precisa estar sempre mostrando à população que ela também é um fator crucial na redução desses criadouros e na redução da proliferação do mosquito”, argumenta.
Ciclo de vida e proliferação do mosquito
A gerente explica que o mosquito tem um ciclo de vida de 30 dias no ambiente e que as fêmeas precisam de água parada para colocar os ovos.
“Baldes, bebedouros de animais, descartáveis jogados de forma inadequada no quintal ou na rua, quando chove, acumulam água. A fêmea tem uma predileção de água limpa, mas se ela tiver uma água que não seja tão limpa, porém próxima, vai sim colocar esses ovos”, afirma.
Conforme explicado pela especialista, leva em torno de 7 a 10 dias para que esses ovos virem novos mosquitos. Nesse processo, a fêmea necessita do sangue humano para poder fazer com que os ovos cresçam.
Como prevenir?
A gerente destacou ainda que a melhor medida preventiva que a população pode tomar contra a Dengue, Zika e Chikungunya é evitar a proliferação do mosquito.
“O ideal seria que as casas fossem teladas. Os quartos sempre fechados para que esses mosquitos não adentrem, porque quando a gente vai dormir, aqueles que estão nos quartos, eles vão sim se alimentar”, adverte.
Carmem faz um alerta importante às grávidas. “Tem que usar repelente, porque tem também a zika que pode causar microcefalia”.
A médica veterinária afirma que é preciso que a população, sobretudo do Pontal da Barra, tenha o cuidado de observar os locais próximos à marina e à lagoa para que se faça o descarte de materiais ou a vedação de lugares que se acumule água para consumo.
No caso de locais que acumulem água mas que não tenham renovação, ela revela que é possível lavar com uma bucha áspera para a retirada de ovos que ficam grudados nas paredes.
“A gente pede que a população em geral faça uma auto inspeção domiciliar para identificar locais em que se possa acumular água e, ao identificar essas situações, entre em contato com o nosso Disque Denúncia (082 3312-5495)”, pede a gerente.
*Estagiária sob supervisão da editoria










