Enchentes no RS: alagoanos que moram no Estado tiveram que sair de casa: "bairro todo evacuado"

07/05/2024 06:00 - Geral
Por Jean Albuquerque
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"A cidade está um caos, principalmente depois da ordem inicial atrapalhada da prefeitura [de Porto Alegre] de evacuar dois bairros inteiros", conta o jornalista alagoano Caio Lorena, 31 anos, que precisou sair do apartamento onde mora para se abrigar no lar de um casal de amigos. 

Caio deixou Maceió há dez meses porque passou em um concurso público no Rio Grande do Sul. Ele que está trabalhando para o governo do Estado divide um apartamento no bairro Menino Deus com outros dois colegas da mesma profissão, um pernambucano e outro cearense. 

A reportagem do Cada Minuto conversou com Caio pela manhã e a situação estava normalizada. Mas no período da tarde desta segunda-feira (6), a prefeitura da capital do RS pediu para que os bairros Cidade Baixa e Menino Deus fossem evacuados. 

O motivo é que a água está avançando com rapidez na região, segundo o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). A CEEE Equatorial também desligou ontem a casa de bomba próximo ao monumento "Rótula das Cuias", localizado na Cidade Baixa. 

Também já foram evacuados os bairros Centro Histórico, Quarto Distrito, Humaitá, Sarandi, Floresta, Hípica e tantos outros. 

Jornalista Caio Lorena - Foto: Arquivo Pessoal

Falta de água e alimentos faz aposentado sair de casa 

O professor aposentado do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Walter Karwatzki, 65 anos, está sentindo na pele os efeitos das enchentes no Estado. Ele que deixou Maceió para viver em Porto Alegre na época da faculdade nos anos de 1980, hoje mora no bairro Santa Tereza.

Embora o bairro onde mora não seja diretamente afetado, Karwatzki tem sofrido com a falta de água para fazer a higiene pessoal e o desabastecimento de alimentos em alguns supermercados da capital. Para conseguir tomar um banho, ele e o esposo precisaram se deslocar na noite desta segunda-feira (6) para uma cidade próxima chamada Viamão, a 23,2 km do bairro onde moram. 

"O bairro que eu moro aqui em Porto Alegre não é sujeito a enchentes. Porque ele fica na parte alta da cidade com 70 metros de altitude. Agora, eu tô em deslocamento para uma cidade próxima que ainda dá pra ir, indo pra casa dos amigos pra poder tomar banho", relata. 

O aposentado conta que a água que tem chegado ao seu bairro vem impura, já que é captada pelo Lago Guaíba, que está com muito barro. "A coisa é bem ruim. O tempo todo é ambulância, carro da polícia, o pessoal passando com Jet Ski vindo do interior, dos quartéis. É uma situação bem atípica mesmo", acrescenta. 

Professor aposentado Walter Karwatzki - Foto: Arquivo Pessoal

Estragos causados pelas fortes chuvas 

O último boletim divulgado pela Defesa Civil dá conta de que as enchentes já deixaram 85 mortos, 134 desaparecidos e 339 pessoas feridas. Porto Alegre já sofre com uma crise de abastecimento devido às fortes chuvas que castigam 60% dos municípios do Estado desde o último dia 25 de abril. 

Segundo relatos, já falta água potável para a população, os postos de combustíveis estão fazendo racionamento, faltam energia e comida para os moradores das diversas áreas afetadas. O bloqueio das estradas chega a dificultar a chegada de doações. 

O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, anunciou nesta segunda-feira (6) a suspensão de voos por tempo indeterminado. A medida, tomada por questões de segurança, afeta tanto voos domésticos quanto internacionais.

Em nota oficial, a Fraport Brasil, empresa responsável pela administração do aeroporto, informou que a suspensão das operações é válida até o dia 30 de maio, mas que a data pode ser alterada de acordo com a evolução da situação.

Medidas para o enfrentamento às enchentes

Na noite de segunda-feira (6), a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de decreto legislativo (PDL) 236/2024, que reconhece o estado de calamidade pública até 31 de dezembro de 2024. 

O Estado também poderá contar com um aporte significativo de recursos para auxiliar na recuperação dos danos causados pelas enchentes. O total de repasses do governo federal deve superar R$ 1 bilhão, incluindo a antecipação do pagamento de emendas parlamentares individuais.

Na tarde de segunda-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, revelou que os parlamentares gaúchos identificaram cerca de R$ 480 milhões em emendas individuais que podem ser antecipadas. 

Esse valor corresponde às emendas individuais de transferência especial, que são destinadas diretamente ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Saiba como fazer doações em Maceió 

As doações em dinheiro podem ser feitas por meio da chave Pix, utilizando o CNPJ número 92.958.800/0001-38, da SOS Rio Grande do Sul.

Além disso, também é possível fazer doações na capital alagoana. Veja os pontos de coleta abaixo:

  • Vila Materna - Av. Prof. Sandoval Arroxelas, 357 - Ponta Verde;
  • Maple Bear - Av. João Davino, 730 - Mangabeiras;
  • Mercatto Praia - Av. Des. Valente de Lima, 130 - Jatiúca;
  • Onlong - Av. Fernandes Lima, 990 - Pitanguinha;
  • Clínica veterinária & Pet Shop mundo animal - Rua Santa Luzia - galeria sagrado coração de Jesus. Sala 8. Tabuleiro dos Martins;
  • Casa TUCA - Rua Santo Antonio, 980, Vergel do Lago.

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