As falas do presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal alagoano Arthur Lira (Progressistas), na reabertura dos trabalhos legislativos incomodou o primeiro escalão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT).
Ainda que Lula reconheça – de forma bem pragmática – o quanto precisa de Lira para as pautas fundamentais ao seu governo, deve começar a desenhar uma estratégia política que vise escantear o presidente da Câmara dos Deputados ou pelo menos “minar” o poder que ele concentra.
Em uma avaliação interna do primeiro escalão de Lula, o diagnóstico é de que Lira exagerou na dose ao tentar pressionar a gestão petista, com duras críticas ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Diante disso, o objetivo é abrir um processo de negociações no “varejão”, conversando com os principais líderes da Câmara dos Deputados, inclusive envolvendo mais ministros de Estado no processo.
Lula já iniciou essa agenda com Marcos Pereira (Republicanos) e com Antônio Brito (PSD).
Lira disse – dentre outras coisas – que parlamentares não são eleitos para “carimbar”.
Embora seja uma obviedade ululante, quando se sabe do contexto fisiológico de Brasília (DF), é também óbvio que tais falas são recheadas de entrelinhas em que se afirma que o governo do PT terá – como tem tido – dificuldades para emplacar todos os seus projetos.
Há duas queixas no parlamento federal que deixaram mágoas.
Uma delas é o projeto da desoneração, programa de incentivos fiscais concedidos a 17 setores da economia e o desenrolar dessa briga política causada pelo projeto. A outra é um veto a R$ 5,6 bilhões em emendas.
De acordo com o site Metrópoles (coluna de Guilherme Amado), o presidente da Câmara dos Deputados ainda decidiu agir contra a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Arthur Lira, conforme o colunista, teria apresentado um requerimento para Nísia Trindade para que a ministra explique como foram aplicadas as emendas parlamentares na Atenção Primária e na Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar.
Lira apresentou sete questionamentos sobre a execução orçamentária do Ministério da Saúde.