CPI da Braskem: com início dos trabalhos em fevereiro, governo atua para “conter danos”

29/01/2024 13:28 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
Image

Os petistas no Senado Federal e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT), tentaram de tudo para barrar a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem. Mas, diante das circunstâncias desfavoráveis e da insistência do senador Renan Calheiros (MDB) na pauta, não houve outro caminho: a CPI foi instalada ao apagar das luzes de 2023.


Todavia, os trabalhos só iniciarão de fato no próximo mês, quando será indicado o relator da CPI.


O presidente da Comissão já é conhecido: o senador Omar Aziz (PSD).


Nos bastidores políticos, o senador Renan Calheiros ainda briga para ficar com a relatoria. Porém, o PT tem articulado junto com outros partidos para derrubar Calheiros em definitivo, deixando a relatoria com o petista Rogério Carvalho. Para Calheiros, pode restar um “baixo clero” na Comissão que ele mesmo criou...


O objetivo dos governistas é conter danos. Ou seja: evitar o que Lula teme: saber como uma CPI começa, mas nunca saber como ela termina, uma vez que as linhas de investigações a serem abertas podem resvalar na Petrobras e na Novonor (a antiga Odebrecht).


Quem ainda lembra dos desdobramentos da Lava Jato, quando mirou no “Petrolão”, deve presumir o que um fio desempacado, dentro desta CPI, pode causar. É o famoso dito popular: “atirar no que viu, mas acertar o que não viu”.


Não por acaso, como coloca a Revista Veja, a CPI incomodou Emílio Odebrecht, herdeiro da empreiteira majoritária da Braskem e que mudou de nome devido aos mais recentes escândalos da República.


O governo federal quer diminuir o clima de “fervura” da Comissão proposta por Renan Calheiros, tirando o senador emedebista de cena já que todos em Brasília sabem muito bem o quanto este palco é fundamental para Calheiros diante da disputa paroquial com o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL).


O possível futuro relator Rogério Carvalho já deu suas declarações sobre o assunto. À Veja, ele falou que a CPI não pode ficar restrita a Alagoas: “Precisamos aproveitar a oportunidade da CPI para abrir um debate sobre como a mineração acontece no Brasil e quais mudanças são necessárias para que ela seja menos agressiva e mais limpa. Não é para ser uma caça às bruxas”. É uma boa forma de alargar o tema dentro de uma saída estratégica que faça com que a CPI aponte para um lugar bem distante daquele que é temido pelo governo petista.


Além disso, conforme bastidores políticos, há um esforço para que sejam trocados os membros ou até mesmo que se tenha uma debandada ou se promova o esvaziamento do colegiado. Resta saber como reagirá Renan Calheiros, diante do contexto que antecede os primeiros dias da CPI…

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..