A obra do escritor alagoano Graciliano Ramos entrou em domínio público no dia 1º de janeiro de 2024. Para a família do escritor, legislação brasileira só aumenta lucros das editoras, além de permitir publicações menos cuidadosas.
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"Ele achava ruim, se considerava um mau poeta", resume Ricardo Ramos Filho, neto do alagoano, à Folha de SP. Ele recebe a notícia dessa edição com "surpresa e tristeza", tachando-a como "uma sacanagem enorme".
"Graciliano deixou com meu pai determinações que sempre respeitamos, e agora que entra em domínio público, a primeira coisa que fazem é desrespeitar um desejo dele", afirma. "Sei que Graciliano não queria isso. Ele fazia revisão riscando palavras porque não queria que ninguém visse, queimava a palavra com ponta de cigarro para que não fosse possível ninguém descobrir."
Conforme as informações, a questão é que a família não tem mais controle algum sobre isso. Segundo a lei brasileira, os herdeiros de um escritor detêm plenos direitos sobre sua obra apenas nos 70 anos que se seguem à sua morte.
Como o homem que escreveu "Vidas Secas" morreu em 1953, desde o último dia 1º de janeiro qualquer pessoa tem direito de imprimir e vender a sua própria edição de uma das obras-primas da segunda geração do modernismo brasileiro.