Calheiros consegue instalar CPI, mas fica sem presidência e sem relatoria

13/12/2023 12:58 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Como já publicado pelo Portal CadaMinuto, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem foi instalada, no dia de hoje, depois de muita resistência por parte do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT), e o PT do Senado Federal, em especial o senador baiano Jaques Wagner.

 

Renan Calheiros enfrentou uma verdadeira batalha para conseguir instalar a Comissão ainda este ano, mesmo tendo tido mais assinaturas que as necessárias no requerimento apresentado. O senador alagoano teve que confrontar “caciques” do PT, um partido que é aliado do emedebista.

 

É que Lula e sua turma temem que as investigações dentro da CPI respinguem na Petrobras - que é acionista da Braskem - ou atrapalhe o processo de venda da mineradora, que já tem pelo menos três interessados.

 

É válido lembrar que entre os acionistas também se encontra a antiga Odebrecth (aquela lá da Lava Jato). É bom recordar também que o diretor-presidente da Braskem é Roberto Bischoff, que integra o chamado “Conselhão” do governo federal. Mas, claro, são só coincidências, não é?

 

Mas, se por um lado Renan Calheiros conseguiu instalar a CPI, por outro não ficará nem com a presidência e, ao que tudo indica, nem com a relatoria, tornando-se apenas um dos membros titulares.

 

É óbvio que isso é uma derrota para o enxadrista-mor da política alagoana, uma vez que o senador do MDB adoraria o palco para os interesses políticos, como por exemplo, a disputa paroquial que coloca uma “mira” na Prefeitura de Maceió, ocupada pelo prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), que é candidato à reeleição.

 

Afinal, é o Senado Federal e não um mosteiro.

 

Quem conduziu a sessão de instalação foi o senador Otto Alencar (PSD). Ele já afirmou: os trabalhos só começam depois de fevereiro de 2024. Omar Aziz (PSD) assume a presidência e Jorge Kajuru (PSB) fica com a vice-presidência.

 

O colegiado terá 120 dias para concluir seus trabalhos e disporá de um orçamento de R$ 120 mil.

 

Quanto à relatoria, houve divergências em relação à escolha. O petista Eduardo Gomes - ou seja: o PT - levantou o argumento para barrar Renan Calheiros, afirmando que espera um relator autônomo e isento na presidência da CPI. O senador Rodrigo Cunha (Podemos) - por motivos diferentes - gostou do argumento e fez coro, solicitando que não seja alguém de Alagoas para dar mais credibilidade às investigações.

 

Dois argumentos fajutos. O primeiro é que relatoria alguma de CPI tem isenção, pois trata-se de uma Casa política onde os agentes possuem lados. O segundo cai por terra uma vez que é justamente - em tese - um alagoano que poderia ter a dimensão exata do problema. Estes argumentos possuem, na realidade, um único objetivo: tirar Renan Calheiros da relatoria.

 

Não que dizer isso seja defender a relatoria de Calheiros, pois os interesses políticos presentes, oriundos de uma raposa política, ainda que inconfessos são visíveis. Renan Calheiros nunca deixa de pensar em política e é hábil na forma de lidar com os adversários, sendo lobo em pele de lobo ou lobo em pele de cordeiro conforme as circunstâncias que lhes são apresentadas.

 

Calheiros reagiu - segundo matéria oficial do Senado Federal - e respondeu aos argumentos: “Não posso aceitar limite do meu mandato (...) E tenho certeza que o presidente Omar Aziz vai escolher o relator no momento adequado e aquele que possa melhor ajudar na investigação, que precisa ser feita urgentemente. O problema de Maceió continua”.

 

Otto Alencar - o último a chegar na nau por conta da idade, podendo assim ser o presidente da sessão de instalação da CPI - defendeu o relator isento, mesmo que seja de Alagoas. “É uma questão técnica, saber como foi que aconteceu isso [referindo-se aos danos ambientais no solo de Maceió]. Quem foi o técnico que autorizou a extração em demasia no subsolo? (...) Será escolhido o relator com a concordância de todos os componentes da Comissão Parlamentar de Inquérito”, afirmou Alencar.

 

Logo, ainda não há definição de nome. Mas, pelo clima, dificilmente será Renan Calheiros. O nome do relator surgirá no dia 19 de dezembro.

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