Quem conhece ambos sabe que Lula, independentemente da questão político-partidária, é um humanista, enquanto o senador Renan Calheiros é um esgrimista, expressão que define o político em permanente estado de guerra.
Pelo menos em parte, encontramos aí a explicação para as posições antagônicas do emedebista e do petista sobre o caso Braskem.
Lula enfatiza: a prioridade deve ser a população vítima da mineradora; Calheiros, ainda que não verbalize isso, investe todas as suas forças e fúria no embate político contra os seus adversários locais.
O presidente acha que a CPI da Braskem vai descarnar ainda mais a empresa, que perderá valor de venda no mercado, o que não resultará na indenização justa dos moradores dos bairros de Maceió que estão afundando.
Não sei se Calheiros, depois de ouvir o presidente, vai recuar do seu intento – o político, que fique claro – já que ele enxerga na CPI a chance de ter o palco que perdeu em Brasília, com reflexo aqui. O comportamento do senador na reunião em nada ajudou ao diálogo entre as partes, até porque esse não nunca foi seu objetivo.
Lula quer resolver o problema maior; o senador quer que a questão se estenda durante todo o – próximo – ano eleitoral.
Pelo menos já se sabe que serão três meses - até fevereiro - para que a comissão passe a funcionar (se é que vai funcionar).