Moradores e ex-moradores dos bairros afetados pela mineradora Braskem fecharam, na manhã desta quarta-feira (06), a avenida Fernandes Lima, no bairro do Farol, em Maceió, em um protesto para cobrar providências da empresa Braskem, responsável pela extração de sal-gema, que causou o afundamento de cinco bairros da capital alagoana.  

Os populares relataram que cobram um posicionamento por parte das autoridades e criticam o processo de realocação e de indenização da Braskem que teve início no ano de 2019.

Ao Cada Minuto, o funcionário público e uma das vítimas da Braskem, identificado como Beroaldo, que estava no protesto, relatou que vai fazer aproximadamente três anos que saiu de sua casa, localizada na Rua Albuquerque Lins, no bairro do Farol. Ele conta que morava no local há 53 anos, antes de ter que abandonar o imóvel devido aos problemas de afundamento de solo em 2019.  

Beroaldo/ Foto: Maciel Rufino/ CadaMinuto

“A minha casa ficou abandonada e foi destruída pelos vândalos. Derrubaram minha casa para roubar os tijolos. A Braskem quando a gente sai diz que vai tomar conta, ela não tomou conta. Destruíram meu patrimônio, 53 anos na rua Albuquerque Lins e eles querem pagar o que eles querem”, reclama.

O morador destaca que até hoje nunca recebeu a indenização da Braskem. “Eles oferecem um absurdo. O valor da minha casa já tem três avaliações. Eles não querem cumprir a avaliação. Se tirou você da sua casa, pague o justo”, denuncia o ex-morador.

“Meu amigo Davi, cadeirante, tomou veneno, tomou uma garrafa de água sanitária e está morando sozinho na rua. Isso é uma vergonha, eu quero justiça”, desabafa.

Beroaldo afirma que seu objetivo é sensibilizar os políticos do estado para que façam justiça, responsabilizando a Braskem a pagar a indenização correta pelos imóveis dos moradores afetados.

“Eu espero que a justiça seja feita, que os poderes públicos façam alguma coisa por nós, porque não está sendo fácil. Eu nunca mais ouvi direito. Eu nunca mais tive um sono direito. Eu nunca mais trabalhei. Trabalho porque é preciso e eu tenho amigos que me dão força. E um Deus todo poderoso que me fortalece”, finaliza.

“A luta é de todos”

Também presente no protesto, a moradora do bairro Cruz das Almas, Joyce Nobre, falou com o Cada Minuto e ressaltou a importância de apoiar a causa das vítimas da Braskem. Ela conta que apesar de não ter sido afetada diretamente pelo problema do afundamento de solo, a luta é de todos.

Joyce Nobre/ Foto: Maciel Rufino/ CadaMinuto

“Essa luta não é só das pessoas que moram ali em torno das regiões atingidas, mas de toda a Maceió. Eu moro na Cruz das Almas, mas eu to aqui. A gente não sabe o tamanho deste desastre, até onde isso vai, então isso é uma luta de todo alagoano”, pontua.

Ela explica que o objetivo da passeata é chamar a atenção da população para o problema do afundamento de solo e protestar contra a Braskem. “O objetivo é que a gente seja visto, é protestar contra a Braskem, é chamar as pessoas pra rua e falar pra elas que a luta é de todos”.

 

“Requerer os nossos direitos”

Já Alexandra Santana explica que o objetivo principal da passeata, para ela, é lutar pelos seus direitos. Alexandra explica que reside atualmente no Bom Parto e que os moradores não têm apoio.

Alexandra Santana/ Foto: Maciel Rufino/ CadaMinuto

A moradora desabafa que comprou a casa onde mora e que a residência está avaliada em R$350 mil. “Nós não temos apoio nenhum e sabemos que a qualquer momento a tragédia vai acontecer”.

Alexandra diz que a população vive aterrorizada com a possibilidade de um colapso iminente. “Não dormimos mais. Não queremos médicos, queremos sair o mais rápido dali”.

*Estagiária sob supervisão da editoria