O governador Paulo Dantas, junto com a Defesa Civil Estadual, divulgou, na madrugada desta quinta-feira (30), mais informações sobre o risco iminente de colapso em uma das minas da Braskem monitoradas no bairro do Mutange, em Maceió. De acordo com a gestão estadual e o coordenador-geral da Defesa Civil do Estado, coronel Moisés Melo, se houver uma ruptura nas profundidades em questão, pode haver um efeito cascata em outras minas.
“Esses poços foram perfurados a um quilômetro de profundidade. As minas tinham, então, 50 metros por 70 de altura. Essa é a informação oficial. Algumas outras se uniram mais acima do poço 18. E essa aqui começou a subir hoje e se encontra a 240 metros da superfície, o que era a um quilômetro. Aí está o risco”, explicou o coronel Moisés.

Segundo o coronel, se houver uma ruptura nessa profundidade, pode ter um efeito cascata em outras minas. Ele explica que não se sabe a intensidade, mas é certo que grande parte da cidade irá sentir.
“E temos outros problemas. Se houver uma ruptura nessa região podemos ter vários serviços afetados, a exemplo do o abastecimento de água de parte da cidade e também o fornecimento de energia e de gás. Com certeza, toda a capital irá sentir os tremores se acontecer essa ruptura dessas cavernas em cadeia”, revela.
Monitoramento
O diretor-presidente do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Gustavo Lopes, e o geólogo Jean Melo também destacaram a possibilidade de a mina colapsar.
“Recebemos um ofício da Braskem dizendo que às 13 horas havia um coeficiente de 0.4, numa escala que vai de 0 a 1, de certeza de a mina colapsar. Ele não fala do tamanho do colapso, mas, no mesmo ofício diz que às 14h48 o coeficiente já era de 0.8, ou seja, quase 1 de certeza de um colapso. O evento está dentro da área de resguardo prevista anteriormente pelo Instituto de Geomecânica da Alemanha. Essa é a situação da mina 18, que estava sendo monitorada e acompanhada. Graças aos equipamentos de microssísmica e de GPS é que a gente consegue verificar. Houve uma crescente nesse aspecto de ontem para hoje, que a gente chama de deslocamento, que acendeu o alerta”.
Segundo o diretor e o geólogo, a atividade de enchimento da mina 18 seria iniciada esse mês. Eles explicam que foi feito um sonar, no dia 4 de novembro, e que ela estava intacta. “O equipamento conseguiu descer, mas, no dia 6, quando a empresa ia fazer um marco zero para a atividade de enchimento, foi verificada essa problemática", disseram.
Defensoria e realojamento
O defensor público Ricardo Melro defende o realojamento das pessoas que moram nas áreas atingidas e que ainda não saíram de suas residências. De acordo com ele, é preciso fazer outra limitação dessa área e saber se essas pessoas que estão habitando também precisam ser realocadas.
“Aí vem a grande questão. Até que ponto as pessoas que estão habitando nas laterais dessa área de risco estão seguras? E cito com mais precisão, na lateral do Bom Parto e no Flexal. Se bem que lá no Farol, inclusive, também foram sentidos tremores na tarde de hoje. Várias pessoas relataram tremores e saíram de seus prédios com medo que eles desabassem”, garantiu.
Outra problemática levantada foi a situação dos pescadores e agricultores do estado. O superintendente Federal da Pesca e Aquicultura em Alagoas, Cauê Castro, revela preocupação com eles, pois, com essa situação, a navegabilidade foi proibida na região.
“Aqui em Maceió a gente tem por volta de 5 a 7 mil pescadores em todo o complexo lagunar e marítimo. Só nesta região do Flexal têm, aproximadamente, mil pescadores. E o primeiro alerta emitido foi sobre a proibição da navegabilidade na região. Então, como é que o pescador vai conseguir o seu sustento? A gente precisa colocar também em pauta como ficará a situação deles, pois não envolve só Maceió, tem também as cidades de Coqueiro Seco, Pilar, toda a Região Metropolitana, que se a gente for juntar chega a cerca de 10 mil pescadores, todos cadastrados, com registro no Ministério, e que a gente consegue comprovar que vivem ou dependem diretamente da pesca”, concluiu Cauê Castro.
*Com Assessoria