Quem esperava que o vereador por Maceió Kelmann Vieira (Podemos) retornasse ao Legislativo da capital alagoana para fazer uma oposição ao prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL), com discursos mais virulentos, recheados de denúncias e no embate constante com os demais vereadores situacionistas, acabou por assistir a um Vieira mais comedido, usando e abusando da ironia em suas falas,  dentro de uma estratégia de provocar os governistas, soltando poucas pílulas e dando a entender que tem mais informações do que aquelas que divulga iniciamente ao fazer uso da fala.

Vieira retorna ao "parlamento-mirim" com foco e estratégia. Foi assim em sua sessão de reestreia, quando pontou que faria uma "oposição responsável".

É que o vereador tem a missão de dar credibilidade ao que tenha a falar, portanto não deve usar de recursos que acabe folclorizando as possíveis denúncias. Evidentemente que o jogo é jogado com combinações entre o vereador do Podemos e o Palácio República dos Palmares (leia-se: o governador Paulo Dantas (MDB) e o senador Renan Calheiros (MDB)), que o escalou para a missão.

Vieira se une aos vereadores Joãozinho (PSD) e Zé Márcio (MDB), mas será ele - Kelmann Vieira - a liderar a oposição, papel que antes era desempenhado por Zé Márcio.

Atualmente, são estes três que cumprem o papel de opositores, apesar dos palacianos terem outros vereadores em seu rol.

Todavia, há também aqueles que seguem com um pé em cada canoa, diante da briga entre o MDB e o prefeito JHC.

Mas, voltando a Vieira...

O discurso mais recente de Vieira foi um recado.

Ele perguntou sobre o responsável por obras, que vem sendo tocadas em Maceió, com (conforme o vereador do Podemos) recursos oriundos da indenização paga pela Braskem. Kelmann Vieira fala de uma empreiteira de for a, comandada por alguém de for a, cita o Estado de origem do empreendedor, abre espaço para insinuações, mas diz que ainda apura informações.

É óbvio que, o edil tem mais cartas na manga do que o que as que joga ao público. Ele está construindo o terreno metodicamente na tentativa de esticar um desgaste com a Prefeitura de Maceió diante do que dirá posteriormente dentro do xadrez ensaiado com os reais comandantes desta oposição.

O objetivo de Vieira - inicialmente - foi tentar deixar algumas figuras do Executivo municipal com a orelha em pé. Se conseguiu ou não, aí é outra história.

Mas, sabendo que - dentro da oposição na Câmara Municipal de Maceió - Renan Calheiros é uma eminência parda, é de se compreender, desta forma, que não há ponto sem nó.

E não duvidem do seguinte: se de fato houver problemas no uso de recursos públicos, oriundos da indenização da Braskem, envolvendo uma empresa de for a, Calheiros também vai puxar esse fio de novelo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem. Afinal, o emedebista-enxadrista-mor saberá usar o palco que lhe será aberto.

Kelmann Vieira está longe de ser o "opositor camicase". É um homem de grupo e sabe da missão que possui neste momento. As tais obras públicas nas quais ele mira, neste instante, já deve ser objeto de muitas informações colhidas pelos palacianos, que serão utilizadas a conta-gotas para não haver passo em falso.

Quando Kelmann Vieira pergunta, na Câmara Municipal de Maceió, quem é o "Doutor Mário" - o nome que, segundo ele, é responsável por ações como a duplicação da Durval de Góis Monteiro - é por já saber muito bem quem Mário é.

Talvez, o que Vieira e os palacianos ainda não sabiam, ou não tenham, é material concreto o suficiente para afirmar o que desejam, mas que hoje apenas insnuam nas entrelinhas do discurso vieirista.